quinta-feira, 30 de outubro de 2014

As discussões não podem parar

Como sempre, na época das eleições nos tornamos todos especialistas em história e política. Mais do que isto, nos tornamos especialistas em psicologia, economia, futurologia, chutometria e outras ias. Mesmo com a presidente reeleita, os comentários e discussões não cessam. Estamos todos sensibilíssimos. Não podemos ouvir alguém falando em Dilma Roussef ou Aécio Neves que saímos correndo, babando, pra refutar com um argumento frouxo, uma opinião, por sua vez, baseada unicamente na própria falta de conhecimento. Desta maneira, começa-se a justificar a fraqueza de um com a incapacidade do outro, a feiura do outro com a antipatia do um e assim por diante.

Já faz muito tempo que não vemos uma campanha política com propostas, no Brasil. A última, entretanto, foi um caso à parte. Se alguém tentasse apresentar alguma coisa de concreta, era logo atacado de todos os lados, geralmente com argumentos que nem sequer vinham ao caso. Esta foi a campanha do baixo nível, e este foi o pior legado deixado: o de baixar o nível da nação por inteiro. Ninguém quis saber de propostas positivas. Só as negativas tiveram vez. Não houve oportunidade de se apresentar o que podia ser feito, mas se alardeou o que se poderia deixar de fazer, como se o Brasil fosse um país exemplar, onde tudo está funcionando belissimamente e o grande risco seria que o outro acabasse "desandando" a receita, como quem diz: "em time que está ganhando não se mexe". Mas o problema é que, como a seleção canarinho, o time não está ganhando.

Agora, voto digitado, presidente reeleita, estão todos cansadinhos de discussões. Cansados porque, após tanto falatório besta e de baixo nível, ninguém mudou de lugar. Ninguém reviu seus raciocínios e conceitos. Todos discutiram com o fim último de vencer uma discussão. E isto porque as decisões foram tomadas na base da simpatia e não da competência. Não foram poucas vezes que ouvi alguém dizer: "Vou votar neste porque não vou com a cara daquele." 

Agora os sensíveis, cansados, começam a reclamar, nas redes sociais, que não querem mais brincar. Estão ofendidos por acreditarem que quem reclama da derrota não aceita a democracia, como se democracia fosse exatamente o oposto do que é. Como se democracia fosse a obrigação de calar a boca e pensar conforme o sistema determine. Não, democracia não é isto. Democracia é ter resguardado o direito de cada um espernear e de gritar lá na frente: "eu não te disse?".

Mas as discussões são consequência natural de um país dividido. Metade do país escolheu um candidato e a outra metade escolheu outro. Fora os militantes, a grande maioria do eleitorado fez a sua escolha com muita reserva. E não me venham dizer que três milhões de votos são muita coisa, porque não são. A variação de intenções de votos observada desde o início desta campanha eleitoral demonstra que ninguém que disputou essa eleição tem eleitorado cativo. Os números oscilaram do começo até o fim extremo da disputa e não é por causa do fim do pleito que essa oscilação tenha deixado de ocorrer. Ainda há pessoas que votaram num candidato, após mudar algumas vezes de opinião e se arrependeram de tê-lo feito. E isso ainda durará algum tempo. Dentro dessa oscilação, os três milhões de vantagem desaparecem como passe de mágica.

O mais grave, entretanto, não é o fim da paciência dos eleitores Facebookeiros, mas o que, de fato, motivava suas discussões. Funcionários públicos reclamavam um salário maior ao mesmo tempo que desejavam um Estado menos oneroso. Pais que reclamaram da educação, se sentiram satisfeitos ao ouvirem que seus filhos teriam aulas em tempo integral e seria enterrado mais dinheiro no sistema educacional. Ou seja, se a educação é ruim, seu filho ficará mais tempo recebendo essa educação ruim e serão gastos mais alguns bilhões de reais e serão construídos mais prédios para a disseminação dessa mesma embromação. Pronto. Esse pai, satisfeito, acaba de se tornar um defensor do candidato que propôs esta maravilha e não aceita mais qualquer argumento contrário.

Uma professora, repito, uma professora!, criticou a correção de linguagem e a ordem de raciocínio do candidato Aécio Neves, dizendo que aquilo era arrogância e que ele era cínico porque não se continha diante dos desencontros e atropelos lógicos e linguísticos da presidente! Veja a que ponto chegamos! Ter senso de ridículo, falar um português minimamente correto e ter capacidade de ordenar seu pensamento numa frase razoavelmente estruturada, agora, é artigo não só desnecessário, mas indesejável! É, mais do que isto, símbolo da arrogância das elites! Chegamos ao tempo em que o mérito consiste, mesmo, em não ter méritos! Sim, hoje em dia é bacana chegar no topo sem ter tido nenhuma capacidade. Ou seja, esta é a era do ludibrio! A era do engodo, da embromação e da patifaria.

Eu não sou e nunca fui eleitor do PSDB. Há, inclusive, críticas minhas a esse partido publicadas em alguns textos deste blog. Entretanto, a atual situação pediu uma tomada de posição clara e objetiva. Votei em Aécio Neves e defendo meu voto. A coisa chegou num ponto em que a própria sensação esquisita de mal estar parece já fazer parte da nossa natureza inata, de brasileiro. A gente já tem agido como se o PT fosse um defeito de nascença do Brasil e com o qual nosso país deve morrer, mas esta não é a verdade. Nunca foi e não precisa vir a ser. Precisamos nos livrar dessa patologia. Tudo bem, não foi desta vez, mas as discussões precisam continuar.

Provamos que as discussões precisam continuar quando constatamos que estamos tão anestesiados pela superexposição à imoralidade que chegamos num ponto em que a moralidade não impressiona mais. Um roubo é justificado pela máxima de que todo mundo rouba. A corrupção não é mais crime, é método de trabalho a ser usado ou não. Uma mera questão de escolha. E o horror de uma prática ilícita é anulado pela simples menção de que o outro faz isto ou aquilo em sua vida particular.

Sim, nosso problema moral é grave. Neste mesmo ano, na mesma Belo Horizonte onde a nossa festejada seleção levou uma goleada de 7x1 da Alemanha, um viaduto em construção despencou sobre um ônibus e alguns carros, matando duas pessoas e ferindo outras tantas. Mas a tragédia, até hoje comentada e lamentada foi a derrota em campo. As vidas perdidas não interessam. A ineficácia social e administrativa não interessa. Vergonha foi só o fiasco esportivo. Safadeza e esculhambação não nos envergonham mais.

O Brasil é um país cheio de defeitos e um dos piores é que no lugar do zelo pela verdade, está o orgulho das opiniões e preferências. A verdade não interessa. A honestidade não interessa. Interessa o que eu penso e o que eu prefiro. Por isso, meus amigos, as discussões no Facebook não vão terminar. Pelo bem do Brasil elas não podem terminar. Ao menos, não tão cedo, sabe por quê? Porque se para cada cabeça há uma opinião e para cada opinião um defensor renhido, deve haver, também, alguém a incomodar essa opinião como uma voz contínua e lhe fazer as vezes da consciência já perdida.

Nós somos, sim, um país sem caráter. Só num país assim uma goleada pode ser mais trágica  do que a perda de vidas humanas. Só num país assim um campeonato de futebol pode ser mais importante do que a ineficácia e a bandidagem política e administrativa. Só num país assim o cidadão não precisa saber de nada, contanto que tenha, firme, a sua opinião e que esta não seja desestabilizada por fatos, porque... isso cansa.

domingo, 27 de abril de 2014

Agora Só Falta o Casamento Com Animais

Dias atrás, inventei de falar sobre casamento homossexual e, como seria de se esperar, acabei levantando uma discussão acalorada e solidamente embasada em paixões convenientes. Uns atacaram o meu raciocínio, outros atacaram a minha pessoa, outros atacaram os meus argumentos, mas, enfim, uma das coisas que foi ridicularizada, no raciocínio que defendi, foi o fato de eu ter dito que o casamento se baseia em princípios que são sua base de sustentação e que o tornam o que ele é. Para melhor compreensão, reproduzo o trecho em questão:

"(...) Grosso modo, podemos dizer que o casamento se sustenta sobre um tripé formado por três princípios básicos: espécie, gênero e número. Sobre essas três bases peculiares se sustenta o casamento. E elas se inter-relacionam e se sustentam uma à outra. Elas definem o que é, basicamente, o casamento. São, portanto, uma limitação conceitual objetiva.

Analisemos rapidamente, portanto, essas bases, pois talvez elas sejam apenas uma preferência arbitrária e ultrapassada de empedernidos e ranzinzas reacionários mal-humorados. Comecemos com a limitação por espécie: ela determina que o casamento envolve dois seres da mesma natureza, classificados na mesma unidade básica de classificação científica. A espécie. Dois seres humanos, racionais e capazes, no caso. Em seguida, temos a limitação por número. O casamento é um contrato entre um número limitado de pessoas. Duas. Mas duas por quê? Aí é que entra a limitação por gênero. O casamento é limitado por número porque é limitado pelo gênero. Masculino e feminino. Macho e fêmea, Homem e mulher. Só há dois gêneros diferentes e complementares. Cada um feito sob medida para completar ou se adequar sexualmente ao outro. Duas pessoas que, ao contraírem matrimônio geram descendência e patrimônio. (...)"

"(...) O casamento não é uma arbitrariedade. Não é um capricho conservador. Repito, o casamento é uma instituição social e legal específica. Observe que, se demolirmos a limitação fundada no gênero, destruímos, no mesmo ato, a limitação numérica. Ora, mas isso é lógico. O casamento, hoje, só pode ser contraído por duas pessoas porque dois são os gêneros e nada fica faltando nem sobrando. A união está completa. Entretanto, se o gênero passa a não mais fazer parte dos fundamentos do casamento, a questão sexual cai e o número deixa de ser limitado por um princípio evidente. Não há mais motivo para dizer que o homem e a mulher são o núcleo da família. Como qualquer contrato, o casamento poderá ser contraído por três, quatro ou dezessete pessoas! Passa a ser apenas uma sociedade. Não há mais as tão fundamentais questões sexual e procriativa envolvidas.

Podemos levar este argumento um pouco mais adiante e veremos que logo poderão surgir os defensores da bestialidade. Ora, se os três fundamentos do casamento caíram, logo, seria arbitrário dizer que ele deve ser ministrado apenas aos seres humanos. Logo o homem poderá se casar com sua cadela de estimação, e aqui quero me referir ao animal mesmo. Logo alguém se levantará pelo direito de se casar com sua cabrita ou com seu cavalo, já que o casamento passa a ser, agora, apenas um manifesto de afetividade e de desfrute sensorial pervertido. (...)"

Fui ridicularizado, disseram que esse era um argumento absurdo, etc. Mas eis que no dia de hoje eu leio, num site de notícias, a seguinte manchete: Primeiro Casamento Gay Triplo é Realizado nos Estados Unidos.

Bom, minha intenção era escrever um monte de coisa reafirmando o meu argumento, mas não vou. É bobagem. Chover no molhado. Apenas espero os comentários daquelas mesmas pessoas que disseram que eu só disse o que disse porque sou homofóbico e intolerante. Ademais, clique aqui e leia a notícia para não ficar parecendo que estou inventando conspirações.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Discussão de "Alto" Nível

Estive relendo alguns comentários referentes a posts neste blog e encontrei o seguinte sobre a evolução das espécies: "As bactérias sofrem seleção SIM, as mais resistentes sobrevivem e sua população cresce, prevalecendo sobre as sensíveis ao medicamento; a população (e não o indivíduo) sofre alteração no material genético SIM; as fracas morrem, as fortes vivem."

Logo se vê que trata-se, o fulano aí, de um biólogo, geneticista ou coisa que o valha, tamanha a autoridade do sujeito. Segundo ele as bactérias "sofrem seleção SIM e tenho dito" Só isso. Seu argumento mais convincente é a palavra sim escrita em letras garrafais. 

Mas pra você que, como eu, não é especialista no assunto e que, além de tudo, não sabe do que estamos falando, vamos começar do começo: Discutíamos a hipótese evolucionista, de Darwin, em oposição à criacionista, ou ao design inteligente, evidentemente, e esse Diego comentou que a resistência a antibióticos, adquirida pelas bactérias é uma prova da seleção natural, ao que eu contra argumentei dizendo que isso é apenas variação de baixo nível, que, por óbvio, não altera a informação genética da bactéria. Foi daí que surgiu tão esmerada resposta.

Veja o nível de conhecimento do infeliz: Ele nos ensina que algo que acontece fora do ser vivo é capaz de alterar a informação genética no interior do núcleo de suas células (informação esta determinada pela programação genética adquirida dos pais)! O que equivale a dizer, segundo ele, que se você sofrer a amputação de uma perna, seu filho nascerá perneta! Aliás, não foi isso que ele disse. Foi ainda melhor. Ele disse que quem sofre a alteração genética não é a bactéria individual nem sua descendência, mas a população de bactérias da qual aquelazinha faz parte!!! E eu que achava que informação genética era pessoal e transferível apenas aos descendentes! Foi aí que aprendi que grupos devem ter DNA populacional! Quer dizer, se eu e a maioria dos meus vizinhos sofrermos amputação, nosso DNA será alterado e o cromossomo que enviava a informação para desenvolvimento da perna perdida, desaparecerá! E desaparecerá inclusive nos filhos daqueles que não sofreram tal amputação, já que a alteração foi do grupo! Em consequência lógica, nossos filhos nascerão amputados, porque a amputação coletiva mudou o DNA da vizinhança! A ciência é linda!

Outro especialista disse o seguinte: "Ricardo, você passaria menos vergonha se não comentasse sobre assuntos do qual [sic] não tem conhecimento. A EVOLUÇÃO pela qual as bactérias passam quando adquirem resistência significam [sic] SIM mudança do DNA bacteriano e isso acontece por diversos mecanismos que não vale a pena elucidar já que você provavelmente não é da área (e se for está precisando estudar mais) sobre a qual está emitindo uma opinião." Pois é, ele escreveu assim mesmo, sem pontuação nem concordância. E logo vemos que temos outro especialista. E mais, um especialista que colocou-me no meu devido lugar. E mais uma vez, usou e abusou dos incontestáveis argumentos das letras maiúsculas.

Eu sinto falta de quando as pessoas tinham vergonha, sabe! De quando temiam parecer bobas ou idiotas. De quando escutavam mais e falavam menos. Lembro-me de meus colegas de escola tremendo (assim como eu) diante da possibilidade de uma prova oral, pelo temor de falar uma besteira e parecer ridículo na frente de todo mundo. Bons tempos aqueles. Hoje não. Hoje as pessoas não só não temem dizer besteiras, as mais estúpidas possível, como parecem fazer questão de dizê-las da forma mais mal ditas de que são capazes. Não só emitem uma opinião besta, mas a dizem de maneira medíocre e gramaticalmente ridícula. E eu já sei que os tais virão com um argumentozinho borra botas de auto comiseração, dizendo que não são gramáticos, que não importa a forma do discurso, mas o seu conteúdo, etc, etc. Bobagem. Todos sabemos que importa sim. O conhecimento sozinho, sem inteligência, não serve pra nada, na prática. Um sujeito que não domina a língua pátria pode interpretar profundamente aquilo que lê? Claro que não. Ele sequer, pelo que vemos aqui, interpreta corretamente aquilo que escreve! Sequer é capaz de escrever aquilo que pensa. Por isso é que eu digo: importa a forma e o conteúdo, até porque aqui nós não vimos nem uma nem outra.

Os caras não sabem o que pensam e nem porque o pensam! Começam dizendo uma coisa e terminam dizendo outra. E a gente percebe, quando terminam, que elas nem sequer conseguiram começar. É o que a gente vê neste caso.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência admite que não pode dizer como a vida surgiu. O evento é não observável e nunca foi observado nem reproduzido, é lógico. Ninguém pode, também, dizer com exatidão, como se iniciou o... início! Como foi que tudo começou. Como foi que "o nada" passou a ser tudo e, na tentativa de explicá-lo, vemos toda sorte de peripécias intelectuais esdrúxulas e ineficazes. Uns falam de um "nada" muito denso que acabou explodindo! Outros crêem num universo eterno, o que é uma impossibilidade física, uma vez que o universo consome energia e, se o universo vem consumindo energia desde a eternidade, essa energia já teria sido consumida em algum ponto da eternidade passada (se é que isso existe). Difícil de entender? Dá pra simplificar da seguinte maneira: eternidade não tem começo e também não tem fim, portanto, o que a mantém existente é ela em si mesma e nada na eternidade pode ser finito. A energia é. Einstein também demonstrou que o universo se expande. Portanto, se ele vem se expandindo desde a eternidade, ele já teria se dissipado completamente e não haveria oportunidade para a existência de sistemas, de nebulosas, de constelações, etc.

Então, se o universo teve um começo, é de se crer, seguindo o raciocínio lógico, que deve ter existido uma causa motivadora para esse começo. Algo deu, no mínimo, o pontapé inicial, correto? E entre as causas possíveis, eu prefiro crer num Deus DEUS. Num Deus inteligente e projetista. Isso é mais inteligente do que crer num acaso cego que, de casualidade em casualidade conseguiu dar origem não só ao universo, mas à vida! A essa coisa extremamente complexa e frágil que é a vida! E a vida em suas mais variadas formas!

O acaso cego dando origem a informação complexa, útil e eficiente, nunca foi observado na natureza ou em laboratório. Portanto, isso não pode ser considerado científico. A criação é e sempre foi observável. Ela é, portanto, uma hipótese científica e nunca deixará de sê-lo. Deixemos, portanto, de conversa fiada e de gritaria e vamos discutir a coisa com razão e inteligência. É pena que, segundo creio, o dogmatismo evolucionista impede seus discípulos de discutir com inteligência. Seu fideísmo é insuperável.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Mundo Melhor

É muito absurdo isso de as pessoas acharem que a política tem a atribuição ou a capacidade de construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa. Aliás, quem é que pode determinar o que seja uma sociedade mais justa? Mais justa pra quem? Mais justa como? A que preço? Até onde é conveniente irmos em busca dessa sociedade e desse mundo melhor? De quais valores vamos abrir mão? A moral deve ser abandonada na busca dessa sociedade?

Toda e qualquer pessoa que tenha um mínimo de bom senso sabe criticar e, na maioria das vezes com propriedade, os defeitos da política e, especialmente dos políticos e dos partidos. Desonestidade, corrupção, interesses escusos, a sanha e o "vale-tudo" pelo poder, pelo dinheiro, etc... A maioria das pessoas, principalmente as mais simples, generalizam tudo e dizem que políticos são todos a mesma coisa, etc, blá, blá, blá. É evidente que não é assim. Existe uma minoria honesta. Uma minoria que não tem oportunidade de ser vista, tamanha a evidência das obscenas práticas usuais da política corriqueira.

Só que quando a questão se refere à implementação do tal mundo melhor, são justamente eles, os de raciocínio mais bocó, ou seja, os que acreditam que todos os políticos são porcos, os primeiros a acreditar nas boas intenções desses mesmo políticos! Os mesmos porcos corruptos e incompetentes, quando o assunto é justiça social, se tornam sacrossantos porta-estandartes do bem! Sim, os bocós são os primeiros a se apaixonarem pelas políticas públicas dos bandidos no poder!

O pior de tudo é que, nessa crendice, em nome desse mundo melhor obrigatório que virá por força de leis feitas pelos bandidos, o brasileiro admite todo tipo de desmando e intolerância! Admite até a ditadura de um partido! Impressionante como, pra essa gente, esses partidos, desde que imbuídos do nobre dever de implantar à força o mundo melhor, adquirem legitimidade pra tudo! Inclusive para derrubar a nossa moral, o bom senso, a honestidade e os bons costumes! 

Quando eu falo das pessoas mais simples, falo no sentido intelectual e falo pejorativamente mesmo. Mais que isso, falo do brasileiro médio, que não tem a menor capacidade de raciocinar por si mesmo. Não tem, aliás, o interesse de raciocinar. Não quer saber e tem raiva de quem sabe. Pois bem: esse brasileiro médio pode discordar em tudo, de um partido ou grupo político, mas se esse mesmo partido fala do social, e faz carinha de emocionado, como quem ama a humanidade, pronto: foi promovido a um partido de santos, cheios de boas intenções e soluções. Os bons moços que faltavam para nos sanarem todos os problemas.

Meu amigo, já passou da hora de a gente deixar de ser estúpido. Eu tenho vergonha quando leio certas postagens no Facebook, apoiando todas as manifestações de todas as minorias! Já é tempo de a gente deixar de ser retardado! Foi assim que se instalaram regimes como o chinês, o soviético, o cubano, o cambojano, o albanês, etc, etc, etc.

Senhores, criar o mundo melhor com os piores homens é impossível! Uma sociedade justa nunca poderá ser formada por pessoas injustas, ainda que as leis sejam capitais. Lei não muda caráter! Enquanto nossos valores forem feitos da preferência de cada um e nossa cultura for a contracultura, aquela que se ufana da marginalidade e da feiura, nós estaremos fadados ao fim. À morte, mesmo.

Diz-se que precisamos abrir espaço à favela. À cultura marginal! Favela, meu amigo, pra te falar a verdade, não deveria nem existir! Mas hoje não. Hoje se acha bonito não só existirem favelas, mas exaltam sua "cultura". "O funk tem que ganhar lugar na mídia, porque é a nossa cultura!" Ora essa, nossa o escambau. Pode ser sua ou da sua mãe... minha não é não. Favela, meu amigo, é um amontoado de gente que vive na mais real indignidade, em condições subumanas e dominados pelo medo do traficante que mora ao lado. Quem gosta de favela, meu amigo esquerdista, é só você, que não mora e nem nunca foi lá. É só a "Esquerda Caviar", pra usar um termo de Rodrigo Constantino. Os entusiastas da pobreza alheia.

Eu não sei o que foi que aconteceu com o ser humano. Ficou retardado em massa? Que bosta é essa? "Ai, não pode ter regra, porque tem gente que não gosta de regra! É proibido proibir!" É isso que a gente deseja? A sociedade do bem estar artificial e fictício?

Aí me vem um grupo de pessoas de índole e moral mais do que comprovadamente malévolas, guerrilheiros, assaltantes, sequestradores e homicidas, pra me dizer que descobriram o que é melhor. E que vão criar uma lei tornando o melhor obrigatório! Todo mundo vai viver em paz e harmonia por força de lei! Os méritos estão banidos. O que conta agora são cotas. Assim a gente vai ser justo. Justo com quem a gente quiser!

Mas eu acho que sei porque tantos apoiam esse tipo de coisa. É mais confortável pro boçal, jogar nas costas do Estado a obrigação de amar o semelhante e fazer algo por ele. Não, ninguém quer essa responsabilidade. Esperemos, então, que o Estado o faça por nós. 

As pessoas, hoje, têm tanto amor pela humanidade que não lhes sobra oportunidade de amar o ser humano individual. Rousseau era assim. Ele dizia não conhecer ninguém no mundo, tão bom e tão amante da humanidade quanto ele. E não obstante, abandonou cinco, repito, cinco filhos na porta de orfanatos, na França. Sim, Rousseau, o pai ideológico desses teóricos do mundo melhor feito na marra. 

Assim também foram Stálin, Che Guevara, Mao Tsé Tung, Pol Pot, etc. Eles iniciaram a destruição da humanidade de seu tempo em benefício do homem hipotético de amanhã, que poderia, então, gozar das benesses da tão sonhada sociedade perfeita que eles, os utopistas, tão generosamente construiriam. 

Amigo, um mundo melhor só se constrói com uma sociedade melhor. E uma sociedade melhor só pode ser construída peça por peça. Ou seja, com pessoas melhores. Um de cada vez. É uma questão moral pessoal. Não se cria uma sociedade justa de fora pra dentro. Vou repetir: ela nasce de dentro pra fora.

Se você clama pela justiça social imposta e determinada pela opinião de canalhas imorais, saiba de uma coisa: você não merece o meu respeito porque é moral e intelectualmente desonesto.

sábado, 5 de outubro de 2013

O Voto


Acabo de ler um artigo de Reinaldo Azevedo a respeito da rejeição da PEC que visava instituir o voto facultativo no Brasil. Concordo e sempre concordei com tudo o que ele diz. Só não acho que o momento fosse oportuno para aprovação da emenda. Como tive conhecimento da matéria através de um post do meu tio escritor, Jair Duarte Pego, no grupo de discussão: Diário Político da Revolução Cultural no Brasil, do Facebook, fiz, ali, um comentário e com base nele este post que, em suma é a mesma coisa acrescida de algumas reflexões, já que, aqui, conto com espaço livre:

Eu sou terminantemente contra o voto obrigatório, mas acho que este não é o momento de se instituir, no Brasil, o voto facultativo. Nós sabemos que as esquerdas são aparelhadas e todo socialista é militante. Temos, também, muitos bolsistas dos programas assistenciais, cativos pela natureza indolente e preguiçosa, pelo PT. Em contrapartida, os conservadores, passamos por um momento de absurdo desencanto e apatia política que nos levaria, talvez, a, enojados, abdicarmos do processo eleitoral, já que não temos nem teremos, ao que tudo indica, um candidato que nos represente. Os militantes, financiados por recursos públicos através de comissões do congresso, assim como os beneficiários das bolsas do PT, por sua vez, acorreriam, sôfregos, às urnas, com o fim de garantir seu ganha pão. O que teríamos, com isso, seria a perpetuação definitiva do PT e sua gangue no poder.

Há quem diga que nós, os que bradamos contra políticas e estratégias socialistas somos paranoicos. Que acreditamos em histórias da carochinha e teorias da conspiração; que o comunismo acabou. Morreu, com a queda do muro de Berlim. A estes eu explico que o que o que morreu naquela ocasião foi a União Soviética. O comunismo continua vivo, feio e comedor de criancinhas como sempre o foi. Vivo como erva daninha num jardim abandonado. Vivo em Cuba, vivo na Venezuela, vivo na Bolívia, Estados Unidos, França, Argentina e mais vivo ainda no Brasil, onde comanda uma ditadura branca. Onde destruiu toda oposição. Onde dividiu a sociedade em classes excludentes entre si. É preciso abrirmos os olhos. Nem toda ditadura se inicia com um golpe de Estado.

Sim, é verdade que não temos um candidato de direita. A esquerda vencerá de qualquer jeito, no ano que vem, pois está concorrendo consigo mesma. O brasileiro médio ainda não teve plena consciência da gravidade da nossa situação política. Por isso, continuemos com o voto obrigatório por enquanto e façamos um último gesto de protesto: uma imensa quantidade de votos nulos. Assim, ainda que vençam, eles saberão ao menos que sua condição é precária e pode ser revertida no dia em que o resto de nós acordar e fizer a sua parte.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Politicamente Correto é Ser Completamente Retardado


O que é ser politicamente correto? É prestar reverência a um conjunto de dogmas estabelecidos por um grupo de engenheiros sociais imorais comprometidos com o rompimento com os costumes. É obedecer a um fundamentalismo onde o fundamento é fazer parecer que não há fundamento. Onde cada um corre atrás do que acha interessante e certo pra si mesmo e "vamo que vamo que ninguém é de ferro, Deus é brasileiro e todos têm direito a ter os direitos que julgar direitos".

Ser politicamente correto é achar um absurdo que um jovem de 16 ou 17 anos seja responsabilizado pelos crimes que escolhe cometer. É defender com paus e pedras a "dignidade da pessoa humana", ainda que essa dignidade se apresente de forma indigna, mediante o homicídio contra crianças indígenas. É se esquecer que a dignidade pertence à pessoa humana, justamente pelo fato de ser, ela, humana. É não saber que a vida, mesmo de índios, é fundamental antes mesmo que possa haver alguma dignidade a ser protegida. É fazer com que a dignidade da pessoa humana não seja mais do que um conceito vaporoso para significar as intenções da ideologia. É fazer com que essa tal dignidade, não se refira mesmo à pessoa humana, mas a uma cultura. Portanto, ser politicamente correto é reconhecer que a cultura, qualquer cultura, está acima da vida. Qualquer vida, desde que humana.

Ser politicamente correto é bradar pelo "direito" de inventar novas classes sociais para engrossarem o caldo da rebelião: a feminina, a homossexual, a negra, etc. É lutar pelo direito de desgraçar uma sociedade e as vidas das pessoas com o uso liberado e indiscriminado de drogas. É ser "paz e amor, mermão, não esquenta! Nada a ver, o que importa é ser feliz", ainda que pra ser "feliz" a gente viva uma vida vazia e sem sentido.

Ser politicamente correto é ser tão completo como ser humano como o é uma centopeia. É ter menos direitos que os golfinhos e menos valor do que o palmito ou do que as areias de uma praia! É ser dono do próprio corpo e por isso poder abortar a vida de outro corpo, já que ninguém pode ser obrigado a ter condições psicológicas de ter um filho nessa sociedade onde as condições psicológicas são uma coisa que depende, como tudo o mais, da opinião de cada um.

Politicamente correto é ser idiotinha ao extremo, usar óculos coloridos enormes e fazer cara de imbecil traído, com franjas ridículas espichadas no meio da cara. É ter depressão e tirar fotos com a língua de fora, fazendo sinal de chifre, hang loose, coraçãozinho ou "paz e amor". É ser estúpido a ponto de ser feito de idiota, revolucionário sem causa e julgar-se cavalgando a crista da onda dos tempo modernos. Tempos em que o grito de ordem substituiu o raciocínio e o bom senso e onde crer em princípios chega quase a merecer cadeia. Tempos em que os ídolos máximos da nação são jogadores de futebol tão inteligentes quanto uma esponja do mar e cantores de "músicas" com letras tão complexas e poéticas quanto os primeiros balbucios de um filhote de orangotango.

sábado, 29 de junho de 2013

Ah, a Mulher!


Imagino o sexto dia da criação: Deus e Adão no meio do jardim, conversam a respeito das únicas coisas possíveis. A beleza e o amor. Únicas possíveis porque eram as duas únicas coisas evidentes para o homem recém criado. Únicas com as quais ele já tivera um contato pessoal intenso. Era, creio, o único assunto sobre o qual ele poderia opinar.

Imagino Adão admirando os animais e as mais variadas plantas e O Senhor mal disfarçando um sorriso satisfeito e ansioso, prelibando o momento e guardando a surpresa que ainda tem a oferecer ao recém criado homem. Em determinado momento, já não se contendo, O Senhor vira para Adão: "Tudo bem. Você já viu que tudo isso é muito bonito e muito bom. Toda essa beleza foi criada pra você, mas espere ainda um momento. Durma um pouco e quando acordar, você terá uma surpresa."

Antes disso, Deus fizera passar diante de Adão todos os animais para que ele os nomeasse. O homem teve, assim, oportunidade de perceber que cada animal tinha uma consorte. Um exemplar similar mas com diferenças fundamentais que possibilitavam uma interação e relacionamento específico entre eles. Cada um tinha uma fêmea.

Pois bem, enquanto Adão dormia Deus retira dele uma costela e, a partir dela, a partir da carne recém criada do homem, coroa toda a criação com o que veio a ser a mais maravilhosa obra criada. Deus fez a mulher! Formou-a do próprio osso e da própria carne do homem e ofereceu-a a ele como companheira e declarou que ambos, unidos maritalmente seriam, mesmo, uma só carne. Ah, e Adão, que depois de ter apreciado tanta beleza não poderia nunca ter imaginado surpresa e beleza tão magníficas!

Sim, Deus fez a mulher e todas as belezas do mundo passaram a ser apenas a moldura dessa obra prima. Sem a menor economia de atributos de beleza, Deus mostrou uma capacidade artística obviamente inigualável. A beleza passou a ter nome: Eva.

Algum tempo atrás eu conversava com uma prima sobre a criação do homem e da mulher e ela me disse que não se conformava com o fato de o homem ter sido criado primeiro. Ela queria dizer, com isso, que na guerra entre os sexos, Deus dera primazia ao homem e, por isso a Bíblia era um livro machista. Ela não disse isso assim, abertamente, mas foi o que compreendi nas entrelinhas. Continuamos a conversa e, como eu converso, como diria Ariano Suassuna, por arrodeios, a gente acabou se desviando do assunto e eu não pude respondê-la.

Em primeiro lugar nós devemos compreender que a palavra homem não quer dizer indivíduo do sexo masculino, como a compreendemos hoje. A palavra homem vem da matéria prima utilizada na criação da raça humana. E veja que Deus não poderia ter criado a raça humana criando um sexo! Criando o sexo masculino, Deus estaria criando apensa um indivíduo. A palavra homem vem de humus, que quer dizer lama. Percebemos assim que Deus, ao criar Adão, criou o ser humano. O ser feito do humus. E, de certa forma, no homem já estava pré-criada a mulher, se assim podemos dizer. A humanidade estava ali e ao mesmo tempo não estava. Era plano de Deus que a humanidade se multiplicasse e gozasse de suas bênçãos através do matrimônio. Do relacionamento sexual. E só a partir daí viria a humanidade!

A nossa sociedade é muito tendenciosa hoje em dia. Tudo está envolvido numa guerra latente. Há o feminismo, o xenofobismo, o homossexualismo, a luta de classes, a ânsia por igualdades impostas e várias outros pequenos conflitos internos que não nos permitem perceber as verdadeiras nuances de sermos simplesmente humanos. Com os olhos de hoje, contaminados por tantas ideologias, chegamos a ver luta de classes ou de sexos até mesmo na criação do primeiro casal!

Vejamos então, com os olhos de hoje, o que de fato ocorre ainda nos nossos dias.

Quando se quer anunciar uma pessoa importantíssima que se encontra presente num evento e se deseja causar um forte impacto com sua surpreendente presença o que se costuma fazer? Anunciam-se todos os componentes da mesa ou participantes do evento e, depois que todos julgam ter alcançado o apogeu com aqueles participantes, aí é que, após um momento de expectativa, entra a personalidade realmente principal. Isso causa gritos de surpresa e admiração e o efeito é realmente emocionante.

Agora respondo. Se Deus criou o homem do sexo masculino primeiro, é porque ele queria ter uma audiência para o gran finale. É porque ele queria surpreender o homem. É porque ele queria fechar com chave de ouro a criação dos seres vivos. Sim, a mulher é o maior presente dado por Deus ao mundo. Ora, é evidente que ninguém se aproxima mais do ideal divino de amor do que a mulher que se dedica à maternidade! Mas isso está fora de moda. A mulher, hoje, luta pelo direito de ser igual ao homem! Tudo o que estiver fora disso é sexismo, misoginia, machismo e isso é uma pena.

Já faz alguns dias que tenho lido uns artigos de mulheres feministas militantes. Elas lutam contra tudo o que seja belo e feminino na mulher e esperam o reconhecimento de que não são nada mais do que aquele corpo. Desejam ser exclusivamente sexuais. Lutam contra as mais sublimes características do sexo feminino. Há o exemplo da marcha das vadias onde, não sei com qual finalidade exatamente, elas expõem cartazes e seus corpos nus nos quais escrevem frases pornográficas abjetas e impublicáveis sobre si mesmas! E dizem que, com isso, estão lutando pelo reconhecimento dos reais valores da mulher! Não, não são esses os valores da mulher e não é o grito de uma militância esquizofrênica que vai mudar isso.

Ainda acho que a mulher de hoje preserve muito da mulher original, saída das mãos dO Criador. Não posso conceber beleza mais agradável. Não há, no mundo inteiro, nada que se iguale a um sorriso feminino. Nada que imite sua compleição precisa. Nada que seja tão profundo e tão instigante quanto o olhar de uma mulher. Nada que seja tão terno e tocante quanto o olhar de um bebê para a mãe que o amamenta! Se isso é misoginia, pois que seja. Mas que coisa linda, é a mulher!

sábado, 22 de junho de 2013

Encantados Por Feitiço


Noite de quinta-feira, 20 de junho de 2013. A televisão brasileira se dedica exclusivamente aos protestos de milhares de manifestantes em Brasília e noutras cidades país afora. Invasão do Itamaraty, confrontos em São Paulo, Rio, Vitória, etc. No meio daquela tensão eu ouvi a mais sábia definição de tudo o que estava acontecendo. Segundo o pai da minha namorada "a culpa disso aí é toda da Globo, porque essa novela das oito é muito ruim. Se fosse boa, esse povo tava todo em casa assistindo."

Desde quando aquelas manifestações, iniciadas por militantes esquerdistas, tinham chegado a sua culminância e várias pessoas, a maioria delas despolitizada, tomavam agora as ruas com o fim de protestar contra um estado de coisas nem sequer identificável, eu passei a me perguntar o que, de fato, estava acontecendo. Que gente é essa? O que pretendem? Qual é a reivindicação? O que tudo isso significa? Nada estava claro.

Por isso, aquela frase divertida, dita na noite de quinta feira foi, pra mim, como um clarão. De fato, o povo não está mais satisfeito com o pão e o circo que lhe têm sido oferecidos há tantos anos. O pão é seco e tem saído caro e o circo, cujo espetáculo já está pra lá de batido, repetido e repisado, já não tem aquela mesma força sedativa de antanho. Ou melhor, até tem, mas o povo tem aprendido que não precisa desse circo pra entreter-se, pois descobriu espetáculo mais dramático. Tragédias e comédias mais reais. Tem percebido que quem vive no Brasil, ainda que não compreenda muito bem o que se passa, é sempre personagem de um drama patético. É sempre um bobo na indecorosa corte ideológica que impera desde o início desta nova era que vitima nosso velho país do futuro.

Não é que o brasileiro não tenha sentido o sabor amargo de ter sido feito de idiota durante tantos anos. Ele sempre sentiu, mas a vida é muito complicada pra ser entendida. Coisas como política, economia, justiça, têm uma linguagem própria, mística e hermética. É preciso aprender novos conceitos. Novas estruturas mentais devem ser criadas para que se possa compreender certas lógicas políticas e econômicas. Não, não, isso não é assunto para o povo comum, que ainda utiliza o antiquado bom senso como diretor de seu limitado raciocínio. E por isso fica difícil exigir respostas quando não se sabem formular as perguntas. Não. Dá muito trabalho entender tudo. Isso é assunto pra intelectuais. Consolava-se, portanto, o brasileiro, com o pão e o circo, que lhe davam muito menos trabalho. O pão já vem trabalhado, amassado e assado. O espetáculo já vem pensado, rido e chorado.

E foi nessas circunstâncias que, no fundo do mato-virgem nasceu o Povo Brasileiro, herói de nossa gente. Preto retinto e filho do medo da noite. Foi depois de um momento em que o silêncio era tão grande escutando o murmurejo de um rio, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram Povo Brasileiro, que fez coisas de sarapantar. Passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava: - Ai! que preguiça!... e não dizia mais nada. Ficava no fundo da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros. Vivia deitado, mas se punha os olhos em dinheiro, Povo Brasileiro dandava pra ganhar vintém.

Pois é esse o nosso povo. Macunaímico e impressionável. Deitado preguiçosa e eternamente em esplêndido jirau, ao som do mar e à luz de um céu profundo. Exaltado por intelectuais como criativo por sua produtiva ociosidade e manso por sua cordialidade, mas em verdade, sagaz por velhacaria e apático por indolência. E é esse o tal gigante que estão dizendo que acordou.

Mas acordou pra quê? Dormia por quê? Essas eram as minhas perguntas, desde os primeiros dias de manifestações. Algumas pessoas, com teorias prontas, afirmavam isto ou aquilo, mas nenhuma explicação explicava, de fato, se passávamos por uma reedição do maio de 68 ou simplesmente por uma euforia meio maluca, pela copa das confederações ou sabe-se lá o quê. Pouca coisa era evidente.

Uma coisa, entretanto, ficou óbvia desde as primeiras notícias dos protestos. O povo estava como encantado por feitiço e fez-se de tudo para jogá-lo contra a polícia, numa obstinada tentativa de dirigir aquele ódio genérico aos governos estaduais, para evitar qualquer associação das manifestações com as administrações do PT. Entretanto, a polícia, em todos os casos, não fazia mais do que seu trabalho, embora alguns policiais tenham tomado atitudes malucas e inopinadas. À polícia cabe a manutenção da ordem e ela estava ali pra isso. Sempre que a turba insistia em depredar, vandalizar, queimar ou invadir, a polícia intervinha com a devida força. Fazia a proteção preventiva de prédios públicos, obviamente os mais visados, mas nem por isso os baderneiros se desencorajavam. Enfrentavam os policiais. Provocavam-nos até o limite e, quando estes reagiam, toda a mídia vinha em defesa daqueles "manifestantes pacíficos"! que já tinham apedrejado policiais e prédios, incendiado veículos, barracas, lixeiras, etc.

Não sei, deve haver algo de errado comigo. Eu não consigo compreender como é que os policiais poderiam ter agido, senão daquela forma. Será que, pelo fato de haver muitos manifestantes realmente pacíficos, os vândalos adquirem legitimidade pra quebrar tudo? A polícia deveria ter permitido o quebra-quebra, os incêndios e os roubos? Ou talvez a solução, já que não se queria o enfrentamento, fosse que os estados acionassem, ao invés da polícia, professores primários, com seus diários de aula em punho, ameaçando anotar os nomes e tirar pontos de cada um que se comportasse mal!

Amigo, aquilo não era brincadeirinha. Os manifestantes, ainda que a menor parte deles, mas ainda assim uma multidão, não estavam brincando de jogar pedrinhas nem de fazer fogueirinha de São João. Não, eles estavam quebrando lojas e bancos, pichando prédios, incendiando carros e apedrejando policiais. Não se deixa de reprimir esse tipo de comportamento em hipótese nenhuma. Os inocentes sabiam que haveria enfrentamento. Sabiam que os policiais iam usar as armas não letais que existem exatamente para essas ocasiões. É lógico que haveria efeitos colaterais. Entretanto, os inocentes, numa multidão tão incomparavelmente maior, poderiam muito bem ter dominado os baderneiros. Mas tenho plena certeza de que todos pensaram: "Eu não vou me meter nisso não. Isso é função da PM." Pois é. A polícia cumpriu com seu dever.

O que ocorreu, de fato, foi que após os primeiros confrontos, em São Paulo, a militância esquerdista, que começou tudo por causa dos tais vinte centavos, descobriu uma ótima maneira de atacar o governador que, tão incompetente e imoral quanto os demais, deles difere por filiação partidária. Era, portanto, o inimigo. Daí surgiram um monte de incoerências. A mídia, tendenciosa, para atacar a polícia, insistia que as manifestações eram pacíficas, embora os manifestantes estivessem saqueando, quebrando e incendiando. Principalmente na Globo News, a forçação de barra era evidente. A "polícia despreparada e repressora" estava atacando os manifestantes pacíficos! Essa era a nota tônica.

Mas minha intenção, com este texto, não é defender a polícia ou quem quer que seja. Na verdade, até hoje eu não sei bem se entendi o que está acontecendo. Se cito os confrontos, é pra demonstrar algo evidente. Só posso dizer que a grande, a imensa maioria daqueles manifestantes e dos demais brasileiros, consumidores da grande mídia, é formada de "idiotas úteis", usados e abusados pelas conveniências de ocasião pelos promotores da revolução cultural. Creem estar protestando por causas justas, mas estão, na verdade, fazendo o papel inverso. Sua indignação foi sequestrada pelo próprio alvo dela, para justificar uma intervenção ainda mais revoltante.

As manifestações, com certeza, nasceram de uma justa indignação popular por tanta coisa que vem acontecendo no Brasil desde muito tempo. Tudo o que causava esse mal estar e restava entalado na garganta foi posto pra fora num grito coletivo. Entretanto, a única coisa justa aqui foi a indignação e só enquanto ela foi genérica. Os eventos práticos nascidos dela são agravantes da situação presente e, mais uma vez, o povo está legitimando o assalto ao poder à liberdade e à justiça pelos canalhas de sempre.

Quando o povo saiu às ruas, estava indignado com algo real mas indefinido. A indignação era justa e verdadeira, entretanto não se soube identificar o que, de fato, é preciso fazer e contra o que é preciso lutar. O povo não se assumiu povo e saiu às ruas, cada um com seu grito individual. Outros esperaram ouvir o grito dos outros para repeti-lo. Só não podiam era deixar de aproveitar a oportunidade para protestar contra alguma coisa. Saiu-se gritando contra as precárias condições da saúde pública e da educação em nosso país. Como sempre, palavras vazias, ao vento, sem destino certo; protestavam contra uma abstração chamada corrupção; acho que houve até quem protestasse contra a feiúra da nossa "presidenta", tão absorta em sua atitude "indiferenta".

Era isso: no país do "mensalão", do caso Celso Daniel, de Dirceus, Genoínos, Deltas e Calheiros, de urnas eletrônicas sem comprovante impresso de votação para ser conferido em caso de suspeita de fraude; no país da vontade do povo escancaradamente desrespeitada e desconsiderada no referendo a respeito do Estatuto do Desarmamento; no país dos 50.000 homicídios por ano, onde menor de idade decide quem vive e quem morre; no pais dos quase 40 ministros sustentados pelos impostos entre os mais caros do mundo; no pais onde a própria presidente se orgulha de seu passado de roubos, mortes e sequestros... nesse país o povo clamou contra a corrupção mas não citou nenhum corrupto! Reclamou da situação mas não citou nenhum fato! Não exigiu um basta no sistema institucionalizado da corrupção e da incompetência!

Ah, meu amigo, mas enquanto nós estamos plantando o milho, os revolucionários culturais já estão com o angu pronto. Se o povo tinha a voz eles já tinham o discurso. Ou melhor, "os" discursos. 

De repente passou-se a ver pessoas portando cartazes contra a PEC 37. Outras se manifestavam contra o projeto apelidado pelos homossexualistas de "Cura Gay". Outros tantos ainda gritavam genericamente contra tudo e, consequentemente, contra nada.

Vamos analisar essas duas bandeiras postas nas mãos do povo: a PEC 37 e a "cura gay".

Alguém ludibriou o povo dizendo que a PEC 37 tem a intenção de retirar do Ministério Público a atribuição de realizar investigações criminais. Ora, mas que coisa! O Ministério Público, senhores, nunca teve essa atribuição. Segundo o Art. 144 da Constituição Federal de 1988, essa atribuição cabe às polícias civis e federal. Só a elas. Ao Ministério Público competem, segundo os incisos do Art 129 da mesma carta, a promoção da ação penal pública, mediante oferecimento da denúncia, evidentemente, a presidência do inquérito civil e a requisição de diligências às polícias investigativas. A PEC tem a única finalidade de reforçar o texto constitucional, com o fim de acabar, de uma vez por todas, com a interferência do Ministério Publico em ações estrita e especificamente policiais, que demandam preparo e experiência institucional, como é o caso da investigação criminal.

A impressão que dá é que um monte de retardado estava à toa por ali e alguém lhes impressionou com algumas asneiras e palavras gatilho, deixando-os histéricos a ponto de não conseguirem, sequer, buscar saber o que se passa de fato. É aquela velha máxima: "eu não quero saber quem morreu, eu quero é chorar!" E o mesmo ocorre com respeito à tal "cura gay".

Todo mundo já ouviu aquela anedota que, dizem, foi feita por um premiê britânico durante um discurso na câmara dos lordes: "Antigamente o homossexualismo era proibido. Depois passou a ser tolerado. Hoje é aceito como normal. Eu vou-me embora deste país antes que passe a ser obrigatório". Pois bem, quem não foi perdeu a oportunidade, pois esse dia já chegou. Pelo menos se depender do Conselho Federal de Psicologia e dos militantes LGBT.

No ano de 1999 o CFP emitiu uma resolução "desaconselhando" que psicólogos tratassem homossexuais com o fim de evitar a patologização (isso mesmo!) da prática homoerótica. O que se seguiu foi uma sanha obstinada contra todos os psicólogos que atendiam homossexuais que buscavam sua assistência. Rozângela (com 'z' mesmo) Justino e Marisa Lobo são dois exemplos de profissionais que sofreram perseguição do CFP por atenderem homossexuais que desejavam auxílio.

O que é, portanto, o tal "cura gay"? Nada mais do que um projeto que pretende a anulação de um parágrafo da resolução 01/99 do CFP que impede a atuação dos psicólogos em ações que visem o tratamento de homossexuais que assim o desejarem. Só isso e mais nada.

O grande vilão, no caso, segundo esses desequilibrados, é a palavra "cura". Os militantes homossexuais afirmam que isso dá margem ao preconceito, pois subentende que homossexuais sejam doentes. Ora, mas veja você que coisa! Quer dizer, se você passa por um momento difícil na vida e procura um psicólogo, ninguém vê problema nisso. Se você tem uma mania ou um hábito do qual quer se ver livre e procura um psicólogo... nenhum problema, você apenas buscou a "orientação" de um profissional. Se você é viciado em sexo heterossexual e isso te causa inconvenientes, você procura o auxílio de um psicólogo e... sem problema. Mas se você é homossexual, não se sente satisfeito com isso e quer tentar se livrar dessa tendência... ah, meu amigo, infelizmente o inciso VIII do artigo 5º da CF 88 não vale pra você. Assim como o inciso XIII do mesmo artigo não vale para os psicólogos. Não valem porque o CFP limitou a abrangência da Constituição Federal em nome dos proprietários da homossexualidade, que são os militantes homossexualistas.

Aliás, quem falou em cura foram o CFP e os próprios ativistas gays, desonestamente empenhados em dividir a sociedade criando vítimas onde há apenas cidadãos. Essa palavra não é utilizada no projeto e não poderia sê-lo. Ela é utilizada pelo próprio CFP.

A despeito disso, qualquer homossexual é livre para procurar cura, tratamento, benzimento, simpatia ou qualquer outro recurso que estiver a sua disposição. Chame-o ele, como quiser. O fato é que homossexual não é diferente de ninguém. O fato é que a militância homossexual não tem problemas pessoais ou desconfortos ou infelicidades como uma pessoa os pode ter. E, amigo, a lei vale pra todos. A psicologia está à disposição de todos. Não é uma militância quem vai, através de uma resolução do conselho regulador de uma profissão, legislar a respeito de quem pode e quem não pode procurar ou oferecer tal ou qual serviço. Que vai decidir quem é e quem não é digno de exercer seus direitos fundamentais.

Veja uma prova da má informação prestada pela grande mídia. Na semana passada eu conversava, pelo bate-papo do Facebook, com um amigo e ele se disse indignado com os deputados. Eu perguntei o motivo e ele respondeu que o Feliciano tinha lançado um projeto para curar gays e o pior é que a câmara tinha aprovado. Ele dizia isso como se se tratasse de uma coisa compulsória. Todo homossexual teria de ser submetido a tratamento e ele, como homossexual, estava revoltado com isso. Eu expliquei que o projeto tinha como alvo a resolução já citada e ele me respondeu cheio de convencimento: "não, mas não foi isso que eu vi na TV Record não"! Eu preferi não discutir. Sugeri que ele procurasse ler a respeito. E é o que sugiro aos demais.

Mas voltemos às manifestações. Após perceber que não poderia mais fingir que a coisa não era com ela, a presidente resolveu falar à nação no dia 21 de junho e veja quanto desprezo e falta de respeito essa senhora foi capaz de demonstrar pelo Brasil! Disse que o povo tem o direito de se manifestar, etc. e tal. Entretanto, no meio de uma crise de tal magnitude, ela teve a audácia de anunciar que trará, de fato, os tais médicos cubanos, ideia que o PT nos tem tentado fazer engolir há tempos! Ora, amigo, pense comigo. Um país como o Brasil, livre, rico, cheio de faculdades, com médicos se formando todos os dias, contratará milhares de médicos cubanos para resolverem nosso problema de falta de leito, de falta de hospitais, de falta de interesse! Ah, e só pra lembrar, Cuba é aquela ilha isolada do mundo, onde não há internet, liberdade, saneamento básico ou outras coisas fundamentais. Cuba é aquela ilha comunista, governada por uma ditadura há mais de 53 anos. Só uma dúvida: como esses médicos se atualizam, já que nem a internet eles podem consultar?

Não, meu irmão, não serão contratados médicos. Serão contratados agentes comunistas fiéis à cartilha do Foro de São Paulo para toda a pátria grande que é a tão sonhada América Latina socialista.

Como se não bastasse, a "presidenta" disse, também, que investiria 100% dos royalties do petróleo na educação. Bom, isso pode parecer uma coisa ótima para um expectador desatento, mas basta que olhemos ao nosso redor: quantas pessoas você conhece que sabem escrever uma frase inteira sem cometer ao menos dois erros gritantes de concordância, coerência ou ortografia? A essa pessoa aproveitaria ter estudado numa escola mais bonita? Ter se assentado em carteiras mais novas? Que seus professores fossem mais bem pagos?

Não, dona Dilma, nós não queremos que a senhora enterre dinheiro nessa tal Pedagogia do Oprimido freireana, que não admite que o aluno tenha que receber o conhecimento. Que não admite que o aluno erre e seja reprovado até aprender de verdade. Que não admite que dois mais dois são quatro e não três, cinco ou trinta e oito, conforme a opinião ou o ponto de vista do aluno. Não queremos mais dinheiro aplicado na imbecilização da juventude brasileira. Se um carro está seguindo em direção a um precipício, apertar mais o acelerador é a pior coisa a se fazer! É preciso mudar o rumo. Por isso nós imploramos: não, não invista em educação. Ao invés disso, acabe com o MEC. A senhora faz muito mais pelo seu país se desaparelhar esse laboratório de estupidez.

E nós... a nós nos resta aproveitarmos estes tempos para gritarmos nossas causas. Mas que sejam ideais e que sejam realmente nossos. Não combatamos espantalhos criados para nos desunir e nos deixar histéricos e paranoicos. Nós somos uma nação e uma nação não se faz com vários grupos. Uma nação se faz com pessoas que compartilham de um território, de uma bandeira, de uma língua e de um sonho. Não sirvamos de burro de carga da nossa própria miséria futura. Se prestarmos um pouco de atenção perceberemos que a mão que hora nos afaga é a mesma que nos vem apedrejando há anos. Que nosso último ato de manifestação ocorra nas urnas em 2014. Anulemos nós mesmos os nossos votos, já que é isso o que os políticos têm feito há tanto tempo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Ainda Sobre o Casamento ou Que Diferença Faz?

No post anterior falei dos motivos por que discordo do pretendido "casamento" homossexual. Imaginei que estava claro que não tive a intenção de ofender ou magoar quem quer que seja. Fiz questão de declarar que a intimidade alheia não me interessa. Mas não é porque eu não tenha nada com a intimidade dos outros que deixarei de declarar a minha opinião, ainda que ela seja impopular, quando o assunto, deixando de lado a esfera íntima, pretende alterar os princípios e as leis a que todos estamos submetidos. Estou dizendo isto porque pretendo aqui, explicar, até onde me permitam minhas próprias limitações, os motivos de eu pensar como penso e de ter escrito o que escrevi.

Sempre fui um sujeito curioso. Por muitas vezes, quando criança, desconcertei a minha mãe com perguntas absurdas e com meus infinitos "por quê?". Queria saber os motivos de as coisas serem como são. Mais que isto, queria saber os motivos de elas não serem da forma como não são! Lembro-me de certa vez ter perguntado o motivo de bicicleta se chamar bicicleta. De que me serviria essa informação eu não sei, mas lembro-me que eu achava essa palavra hilária e desengonçada, como tendem a sê-lo todas as palavras terminadas em "eta" e "eca". Mas o fato é que, desde cedo tomei gosto pelas perguntas e, quando não encontrava quem me desse respostas, buscava-as por mim mesmo.

Tudo me intriga. Nada para mim é simples, até porque, como dizia Fernando Sabino, é preciso um esforço danado para fazer com que as coisas pareçam simples. Por isso, desconfio da simplicidade, quando não percebo sob seu confortável arranjo, um complexo mecanismo fundante. Quando vejo uma pintura impressionista, por exemplo, sou absorvido pelos toques de tinta deixados por cada pincelada. E quando certifico-me das pinceladas individuais, sua intensidade, volume e direção dos traços e, em seguida, afasto-me novamente para ver o quadro completo, maravilho-me muito mais, porque aí percebo que tudo conspirava para que aqueles riscos e pontos de tinta resultassem num emaranhado de cores aleatórias. Entretanto, ali está uma paisagem deslumbrante. O quadro, assim, se torna muito mais fantástico. É o mesmo deslumbramento que teve Chesterton ao perceber que o rinoceronte parece um animal que não existe.

Digo isto para explicar que se tenho tais opiniões, elas foram analisadas, pensadas e repensadas. Não apanhei um conjunto de crenças prontas com a intenção de brandi-las contra minorias e desvalidos, até porque este não é o caso. Se creio, hoje, em tudo o que creio é porque cheguei a isto após um processo racional. É porque raciocinei e não apenas porque senti, de forma mística, que deveria ser contra isto ou aquilo. Por isso repito que não tive, com as minhas opiniões, no texto anterior, a intenção de ofender ninguém e nem sequer de condenar as práticas de quem quer que seja. Então, delinearei aqui, ainda que precariamente, os motivos de eu pensar como penso e de ter escrito o que escrevi a respeito do assunto.

Antes de tudo, precisamos determinar sobre que base dialogamos. Cada um de nós tem uma história, um conjunto de princípios e crenças mais ou menos intencionais. Cada um de nós pensa o mundo a partir de uma premissa. De uma visão de mundo. Por isso, precisamos saber de onde estamos partindo se é que desejamos saber para onde vamos. O que não podemos é tomar o ônibus no meio do caminho e decidir daí a que destino ele deve seguir. Não precisamos apenas saber o que pensamos, mas como e por que o pensamos. E aqui direi, primeiro, como eu não penso.

O pensamento da moda é o humanismo materialista e niilista, segundo o qual tudo o que existe é a matéria e não há sentido nas coisas. Os existencialistas disseram que o homem deve construir o seu próprio sentido. Criar sua própria essência. Explico: quando eu decido criar alguma coisa, antes de tudo eu penso essa coisa. Digamos que eu queira inventar um ventilador. Antes de tudo eu penso em um aparelho capaz de produzir vento. Então concebo um motor giratório movimentando uma hélice de três pás em torno de um eixo. Penso numa base que sustente todo o aparelho e parto, agora, para sua construção. Depois de pronto o aparelho, mesmo que ainda não tenha um nome, será reconhecido por todos como um aparelho portátil de produzir vento. Pronto. Aí está a essência do ventilador. O seu motivo de ser.

O grande problema é que alguns filósofos humanistas, a partir de Kierkegaard, decidiram que o homem não tem uma essência. Não foi pensado antes de ser feito e, portanto, não possui um motivo de ser. Daí nossas crises, a partir de então, chamadas de existenciais que, segundo eles, devem ser resolvidas por cada um de nós, criando, nós mesmos, nossa própria essência. Simples assim: você não é nada, não serve pra nada e está no mundo por um mero acaso. Portanto, faça o que te apraz, porque o sentido da sua vida deve ser criado por você mesmo. É você quem decide o que você é e pra quê você serve.

É desnecessário dizer que esta é uma cosmovisão ateia porque não admite uma inteligência criadora. Não admite um projeto nem um projetista. Ela nos abandona ao desespero da própria sorte. E por esse prisma, você não pode, sequer, reclamar das injustiças da vida, já que, sendo assim, tudo é relativo. Até seu sofrimento. Perceba que a própria moral cai por terra, já que, se não há uma essência a ser cumprida, não há forma certa ou errada de se viver. Se não há o centro, também não existem o lado direito e nem o lado esquerdo e, assim, tanto faz a maneira como você vive a vida. Não faz diferença.

Entretanto, eu não acredito no ateísmo. Não acredito porque não faz sentido. Várias teorias tentaram explicar ou justificar o surgimento do universo e, principalmente, do ser humano. A principal e mais aceita delas é, sem sombra de dúvidas, a evolução das espécies pela seleção natural, que no meu entender é a hipótese mais fajuta e absurda já levantada. E há os que a consideram uma teoria científica. Ora, mas científico é aquilo que pode ser demonstrado e reproduzido em laboratório e, assim como a existência de Deus, a evolução não pode ser testada em laboratório. Ela é, portanto, uma hipótese filosófica. E só.

Bem, estamos chegando ao ponto. De uma coisa nós temos certeza. Nós, humanos, existimos. Com todas as nossas peculiaridades e complexidades, macho e fêmea, aqui estamos. E temos o sexo, que é o relacionamento íntimo e genital entre o homem e a mulher. E a reprodução da espécie só é possível por meio dessa relação genital. Perceba que eu não estou dizendo que o sexo só serve para reprodução, assim como nunca o disse e nunca o diria. Estou dizendo, isto sim, que a reprodução só é possível através das genitálias, ou seja, dos órgãos masculino e feminino, ainda que a fertilização ocorra in vitro, uma vez que tanto o óvulo quanto o espermatozoide devem ser colhidos dos sistemas reprodutivos masculino e feminino. Mas o ponto a que quero chegar é o seguinte: se o homem se tornou homem após bilhões de anos de evolução de espécies de vida primitivas, o que por si só já é infinitamente improvável, devemos aceitar que, paralelamente, ocorreu uma evolução simultânea no mesmo ponto geográfico, que culminou com o aparecimento do equivalente ao homem em forma feminina. E ambos já surgiram prontos para procriar! O homem com pênis, testículos, etc. e a mulher com vagina, útero, glândulas mamárias, etc.!

Não, amigo, eu confesso que já tentei, na minha adolescência, quando das minhas leituras de filosofias revoltadinhas, mas não consegui conceber o mundo, o universo e as variadas espécies, bem como a precisão das coisas, sem um ser inteligente e auto-existente capaz de projetar tudo isso. Não, não dá. Eu creio em Deus.

Eu creio em Deus e acredito que ele fez cada coisa com um propósito. Com uma essência. A evolução não precisaria de sexo. Se as formas de vida primitiva podiam se reproduzir de forma assexuada, está claro que este era o modelo menos complexo e, portanto, a evolução não precisava "criar" um ser equivalente e sexualmente oposto para realizar o que ela já havia conseguido de forma tão eficiente. O princípio da entropia nos ensina isso. A evolução não precisava correr o risco de fazer esses dois sexos diferentes surgirem em locais opostos no globo terrestre e, quando enfim, vindo a atingir a maturidade, morressem sem se encontrar no tempo e no espaço, frustrando assim o trabalho de bilhões de anos. A evolução também não precisa de tanta variedade de formas de vida e nem de tanta beleza. Tudo isso sugere um propósito. Tudo isso nos remete a algum ser que quis as coisas belas. Que quis as coisas em ordem. Que quis proporcionar prazer ao ser humano e dotou-lhe da capacidade de alcançar esse prazer. Mas da forma original concebida por Ele. Da forma certa. E se há um modo correto de se viver, a maneira como eu vivo faz, sim, toda diferença. Há uma essência a ser respeitada e um propósito a ser alcançado.

Não quero, aqui, discutir religião. Não quero defender e nem me basear em dogmas religiosos. Pretendo, como já disse, apelar apenas para o bom senso. Eu creio em Deus por motivos racionais e não vem ao caso, aqui, a maneira como eu me relaciono com Ele. Ou seja, a minha fé religiosa. Mas todo aquele que crê em Deus deve crer que Ele seja racional e inteligente, senão, não é Deus.

No post anterior eu falei de casamento e não da prática homossexual. Lógico que fiz referência ao homossexualismo, uma vez que defendo o casamento heterossexual. Entretanto, em momento algum, fiz ataques a ninguém ou a qualquer classe de pessoas. Nem pretendo fazê-lo. Apenas defendi o meu ponto de vista e os princípios nos quais eu acredito e tentei usar apenas argumentos para tanto. Eu creio na essência do ser humano. Eu creio que fomos criados para um propósito e, portanto, não posso admitir que caiba a cada um decidir o que é certo para si. O certo e o errado existem fora de mim e o fato de eu viver errando não prova que o certo não exista. Alguém, entretanto, que discorda, julgou meus argumentos repugnantes, desrespeitosos e intolerantes. Tudo bem, eu preferia conhecer os contra-argumentos, dessa pessoa, mas se ela se enojou tanto assim, a ponto de esconder-se sob o anonimato para apenas adjetivar pejorativamente o meu ponto de vista, eu o aceito e compreendo. Mas o que eu achei engraçado mesmo é que um anônimo, talvez o mesmo, postou, como comentário, o link de um vídeo do youtube que apresenta um "estudo que 'comprova' que homofóbicos podem ser gays enrustidos". Sério? Veja você que poder de argumentação! Que fineza de raciocínio!

A questão aqui é a seguinte: segundo os defensores da supremacia gay, eu é que sou o intolerante! Intolerante e homofóbico. Não porque ataco homossexuais e nem porque os odeie ou porque queira o seu extermínio, mas porque discordo da agenda política criada para separá-los dos demais e desestabilizar a sociedade desde dentro. Sou homofóbico porque tenho minhas convicções e opiniões e as defendo! Este é o maior absurdo que cometo contra os homossexuais! 

Mas amigo, quando você não tem o que dizer contra os argumentos do opositor num debate e, em desespero, não vendo outra saída decide atacar-lhe a pessoa, você pratica uma falácia conhecida como argumento ad hominem. Você sai da esfera intelectual e passa à baixaria. À intriga fuxiqueira. E especificamente aqui, você não faz mais que dar um tiro no próprio pé, pois se você me ataca pejorando-me com o epíteto de gay enrustido, você presta um desserviço à causa que defende, pois está claro que com este xingamento você pretende me ofender e reconhece, portanto, que este é um título ofensivo pela própria natureza.

Mas não tem problema. Isso não me ofende. Sei que esta foi uma reação passional. É possível que esse anônimo seja um homossexual que passa por dramas reais e que realmente não se sinta aceito no meio em que vive. Eu sei que isto acontece muito e desaprovo a acepção de qualquer pessoa que seja. Mas o que eu não aceito é que pessoas que nunca foram capazes de formar um raciocínio um pouco mais complexo por conta própria, que nunca se preocuparam em conhecer o real sentido das coisas, que nunca se preocuparam em saber qual o sentido da moral, considerando-se justíssimas aos próprios olhos e até superiores, "coitadizem" um grupo social e, com o fim de se sentirem muito legais e bonzinhos, aceitem tudo o que eles desejem, pobrezinhos! É como se eles dissessem: "olha, nós vamos aceitar que vocês mudem tudo no nosso ordenamento e na nossa cultura porque vocês são tão esquisitinhos, que ficamos com pena de vocês, coitados! Vocês querem se casar? Então se casem. Homem com homem e mulher com mulher. Vocês querem ir para as ruas, vestidos ridiculamente, para simular cenas de sexo e gritar palavras de ordem contra a religião dos outros em passeatas financiadas pelo dinheiro que deveria estar sendo investido em saúde ou educação? Fiquem à vontade! O país é de vocês." Tá, e depois os hipócritas somos nós, que defendemos uma ordem duradoura!

Esses são os mesmos que se levantam indignados diante de qualquer proposta de recrudescimento penal. São os que defendem o direito de adolescentes praticarem todo tipo de atrocidades amparados pelo ECA. O direito de se praticar o homicídio contra um bebê ainda por vir à luz. São eles também os primeiros a gritarem pelo direito de fumar sua maconha ou cheirar sua cocaína em paz! E não estou falando dos homossexuais, mas dos militantes e defensores desse infame progressismo ideológico. É mera coincidência ou é característica fundamental desse grupo, a indisposição para com qualquer norma de conduta?

Amigo, o país não pertence a nenhuma minoria, seja ela homossexual, "racial", maconheira, sem terra, sem vergonha ou sem seja lá o que for. O país pertence a todos. As leis, não devem ser clientelistas e precisam ordenar um sistema jurídico em seu todo e não segregar um grupo social. Ainda que nossa cultura seja eivada de mazelas escandalosas, existe um ideal a ser alcançado. Pessoas do mesmo sexo não se casam porque elas têm o mesmo sexo, assim como crianças também não se casam porque são crianças. 

E quero deixar claro que eu nunca disse, como vi sugerido em postagens de Facebook, por pessoas de amizade fingida e raciocínio limitado, que o sexo só deve ser praticado com fins procriativos, nem que casais estéreis ou sem filhos sejam amaldiçoados, ou que pessoas assim ou assado devem ter seu direito de casamento banido, nem isso nem aquilo. O que eu quero dizer com o que escrevi aqui é exatamente o que estou dizendo com o que escrevi aqui.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Casamento x Uma Outra Coisa Entre Pessoas do Mesmo Sexo

Já faz muito tempo que não escrevo nada. Isso acontece menos por falta de vontade que por abundância de preguiça. Entretanto, tenho sofrido tamanha indignação diante de tanta baboseira que tenho ouvido na mídia, na rua e no trabalho a respeito da questão homossexual, que tive as cadeias da apatia despedaçadas. Não dá pra ficar calado, só ouvindo a "onisciente" voz do povo, muito bem fundamentada na venerável preferência particular de cada um.

Na verdade, não pretendo falar sobre o problema da homossexualidade em si. O esforço seria desproporcional ao resultado e além disso, a minha intenção não é convencer ninguém, até porque, quem lê um blog, não procura verdades capazes de lhe mudar a vida e sim argumentos a serem refutados. Não. A vida particular de cada um a cada um pertence. As intimidades alheias, desde que restringidas, mesmo, à esfera íntima, não me dizem respeito. Então, vamos logo ao que interessa.

Recentemente um certo deputado, ícone de um direitismo caricato, fabricado pela própria esquerda com o fim de queimar a imagem do conservador inteligente e equilibrado, que fundamenta suas crenças em princípios e não em vontades, desejos e caprichos, assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e, desde então, não se fala em outra coisa. A imprensa, em uníssono acorde, manifestou seu repúdio não só às opiniões do deputado, mas a sua pessoa e, principalmente ao fato de ele ocupar aquela presidência. E, cá pra nós, ele é mesmo um sujeito obtuso, imaturo e desequilibrado. Não dá uma dentro. Pode até acreditar em algumas coisas certas, mas da maneira e pelos motivos errados. Por isso eu acredito que ele não é normal. Não pode ser sério, isso! Ele é uma espécie de operação de Falsa Bandeira em que o executor da manobra não precisa sacrificar combatentes de seus quadros, mas elege o alvo entre o próprio inimigo, com a única finalidade de trazer a opinião pública a seu favor.

Pois bem, faço essa referência apenas de passagem, pois Marco Feliciano já é um assunto batido e rebatido. Sobre ele, nada mais direi, senão que o país onde um cara desses é atacado a sério, como inimigo real, é um país de idiotas. Aceita tudo. Acredita em tudo, por mais teatrais que as coisas sejam. Marco Feliciano é um moinho de vento erguido e combatido pelas esquerdas brasileiras. E o brasileiro acredita mesmo que ele é um enorme gigante de seis dedos, comedor de criancinhas.

Limitar-me-ei a falar sobre o casamento homossexual, que, desde a publicação das fotos e do novo relacionamento de Daniela Mercury, se tornou o assunto em voga. O interessante é que até pouco tempo, namoro de celebridade era assunto particular, que causava, inclusive, algumas respostas ríspidas a repórteres mais ousados. Mas agora, com a moda dos namoros homossexuais, o assunto se tornou público. E eu não consigo entender: por que é que a intimidade homossexual precisa ser pública? Isso é meio neurótico, né não? Pois bem. Daniela Mercury agora é modelo de conduta e quer ditar os novos valores morais.

Vamos deixar de lado os fatos concretos e específicos. Não quero falar de Daniela Mercury, nem de Marco Feliciano, nem de ninguém que seja. Vamos analisar o casamento, apenas. Sem noivos ou pretendentes conhecidos.

Há implicações envolvidas na prática homossexual e, em especial no pretendido casamento entre pessoas do mesmo sexo, que, inadvertida ou, o que é mais provável, intencionalmente, não são levadas em consideração por aqueles que discutem, defendem, atacam e fazem do casamento gay a sua bandeira. É que casamento é uma instituição e como toda instituição, existe e se conserva porque é sustentado por bases sólidas, lógicas e estáveis. E quais são essas bases que sustentam o casamento? Quais são o seu motivo de ser?

Grosso modo, podemos dizer que o casamento se sustenta sobre um tripé formado por três princípios básicos: espécie, gênero e número. Sobre essas três bases peculiares se sustenta o casamento. E elas se inter-relacionam e se sustentam uma à outra. Elas definem o que é, basicamente, o casamento. São, portanto, uma limitação conceitual objetiva.

Analisemos rapidamente, portanto, essas bases, pois talvez elas sejam apenas uma preferência arbitrária e ultrapassada de empedernidos e ranzinzas reacionários mal-humorados. Comecemos com a limitação por espécie: ela determina que o casamento envolve dois seres da mesma natureza, classificados na mesma unidade básica de classificação científica. A espécie. Dois seres humanos, racionais e capazes, no caso. Em seguida, temos a limitação por número. O casamento é um contrato entre um número limitado de pessoas. Duas. Mas duas por quê? Aí é que entra a limitação por gênero. O casamento é limitado por número porque é limitado pelo gênero. Masculino e feminino. Macho e fêmea, Homem e mulher. Só há dois gêneros diferentes e complementares. Cada um feito sob medida para completar ou se adequar sexualmente ao outro. Duas pessoas que, ao contraírem matrimônio geram descendência e patrimônio.

O casamento é uma instituição humana porque envolve um compromisso. Duas partes se comprometem a formar um núcleo social fundamental chamado família. Ali são gerados novas obrigações e direitos. Novas implicações jurídicas. E, o que é mais importante, novos seres humanos. É a família que tem o dever de levar adiante a cultura e os princípios de um povo. É ela a primeira responsável por ensinar valores às gerações futuras. E essas gerações, para serem maduras e responsáveis, precisam nascer das famílias a partir do casamento. O casamento tem, então, a função de proteger a família e sua posteridade. Analisando apenas socialmente, ele é um contrato que tem a família como objeto e fim último. 

Por que, portanto, o casamento deve ser celebrado entre homem e mulher? Existem vários motivos, mas o principal é este: porque ambos são capazes de se unir sexualmente e, dessa união, gerar novos sujeitos passíveis de direitos e obrigações. Porque ambos são capazes de se unir em um, numa relação sexual.

O casamento não é uma arbitrariedade. Não é um capricho conservador. Repito, o casamento é uma instituição social e legal específica. Observe que, se demolirmos a limitação fundada no gênero, destruímos, no mesmo ato, a limitação numérica. Ora, mas isso é lógico. O casamento, hoje, só pode ser contraído por duas pessoas porque dois são os gêneros e nada fica faltando nem sobrando. A união está completa. Entretanto, se o gênero passa a não mais fazer parte dos fundamentos do casamento, a questão sexual cai e o número deixa de ser limitado por um princípio evidente. Não há mais motivo para dizer que o homem e a mulher são o núcleo da família. Como qualquer contrato, o casamento poderá ser contraído por três, quatro ou dezessete pessoas! Passa a ser apenas uma sociedade. Não há mais as tão fundamentais questões sexual e procriativa envolvidas.

Podemos levar este argumento um pouco mais adiante e veremos que logo poderão surgir os defensores da bestialidade zoófila. Ora, se os três fundamentos do casamento caíram, logo, seria arbitrário dizer que ele deve ser ministrado apenas aos seres humanos. Logo o homem poderá se casar com sua cadela de estimação, e aqui quero me referir ao animal mesmo. Logo alguém se levantará pelo direito de se casar com sua cabrita ou com seu cavalo, já que o casamento passa a ser, agora, apenas um manifesto de afetividade e de desfrute sensorial pervertido.

Digo desfrute sensorial porque a palavra sexo não se aplica à relação entre pessoas do mesmo gênero sexual. Homem e mulher são os únicos capazes de se relacionar sexualmente. Cada um tem o órgão sexual anatômica e biologicamente relacionável com o do outro. O órgão sexual de um precisa do órgão sexual oposto para cumprir com seu papel. Essa relação entre órgãos sexuais é que é chamada de sexo. A união entre um órgão sexual e um órgão excretor ou digestivo não é sexo. É uma aberração qualquer, mas não sexo. Nem um nem o outro cumpre sua função biológica assim. Da mesma forma, se alguém ligasse sua traqueia ao próprio intestino, não poderia dizer nem que está respirando e nem que está digerindo. Pode-se dizer, no máximo, que ele está é fazendo uma maluquice. O sujeito pode até sentir prazer fazendo seja lá o que for, mas nem por isso aquilo pode ser chamado de sexo. Massagem também causa prazer. Cafuné também, mas nem um nem o outro é sexo.

Essa relação entre pessoas do mesmo sexo pode, no máximo, ser chamada de masturbação acompanhada, assistida, ajudada, sei lá. Senão, da mesma forma, teríamos que considerar que uma mulher que se masturba utilizando uma cenoura pratica relação vegetossexual. Sim, sexo com vegetais! Mas não, amigo, cenoura não é órgão sexual. Portanto, a introdução dela na vagina não pode ser considerado sexo, assim como a introdução do pênis num orifício qualquer que não a vagina, também não o é. Da mesma forma, a união entre pessoas do mesmo sexo pode ser chamada de qualquer outra coisa, mas não de casamento.

Mas não nos assustemos. Os tempos são perversos. O homem, após perder os valores, clama pelo direito de ter todos os seus desejos, gostos e vontades, afagados como princípios da dignidade humada. Creio que não está longe o dia em que as mulheres lutarão pelo direito de se casarem com um pepino.