Quando escrevo alguma coisa, geralmentenão sei o que vou dizeratéque termine. Escrevo justamentepraficar sabendo. E tudo o que se escreve sãoexperiências. Escrevemos sobre o que vivemos, vimos, aprendemos. Portanto, sempreque escrevemos, nos revelamos aos outros e a nós mesmos.
Dia desses andei pensando: gostomuito de reparar os outros. Gosto de definí-los, descrevê-los, diferenciá-los. Fulano é assim, beltrano é assado... No entanto, não tenho a mínimacapacidade de dizercomoeu sou. Quem sou eu? Não sei dizer, talvezporfalta de perspectivaoupormedo de realmentedescobrir e, no fim, ficarmuito desapontado. Quandoalguém descreve alguma característicaminhaeu tenho sempre a impressão de que se está falando de qualqueroutrapessoa, menos de mim. Porisso afirmo: eunão sei quem sou eu. Eunãome conheço. Aindanãome fui devidamente apresentado.
Alguém disse, acho que foi Gertrude Stein, que o jovem é umserque se esforça, até os trinta anos, pradestruirtudo o queele tem de melhor. Hoje, com trinta anos, sinto que é hora de parar e fazerumapanhado do quemerestapracomeçar a viver. Precisosabercom o quecontopracontinuar. Aícomeço a traçarplanos e metas, que, naturalmente, nunca vou cumprir. É o ‘quandoeucrescer’ de quemjá cresceu.
Perdi a inocência. Nem de todo a esperança, masnão espero mais, do alémou do destino, nenhumtipo de concessãooutransigência. Tenho plena consciência de que preciso me construir peça por peça. Errando e acertando, pois, como disse Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, "Viver — não é? — é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo".
Há diversas maneiras de medefinir, mas a única que realmente me causa certo orgulho é serpai de Anna Luiza. Ela nasceu aos 12 de outubro do ano 2000. Antes de nascereujá sentia saudades dela. Nãome aguentava de vontade de conhecê-la logo. Atéque nasceu: meioverde acinzentada, chorando e fazendo ummonte de caretas. Nãoeranada do queeu esperava. Pramim ia nascerumnenémmaravilhoso, limpinho e que reconheceria a minhavoz e sorriria quandome visse. Não, não foi bemassim. Nasceu uma coisinha enrugada, comcara de raiva e resmungona. Foi a coisinha feiamaislindaqueeujá vi. E eume apaixonei eterna e definitivamente. Hojeela está emvias de completarnoveanos de idade. Tem o corpo da mãe e o molejo do pai. O queela vai serquandocrescereuaindanão sei, mas tenho certeza de quenão serádançarina.
Eu sou uma pessoameiodesengonçada. Não sei andardireito, não sei ondecolocar as mãos, não sei conversarsemmeperder e esquecer o que estava falando. Discuto sobretudo, semsequerconhecer o assunto. Sou anti-prático. Penso muito, mas nãoconsigoagir. Nãogosto de falar ao telefone. Não sei escreversemcometer os maisestúpidoserros de português. Gosto da coramarela, nãogosto de bife de fígado, nem de quiabo, nem de galinhacaipira. Foraisso, sou mineiro, modéstia à parte.
Comotodomineiro, gosto da simplicidade, emboratudopramim seja muito complicado. Não sei viversimples. Apaixonar-me é umgrandeacontecimentoque está sempre acontecendo e desacontecendo. Geralmente preciso praticar uma verdadeira violência contra meus sentimentos pra me desapaixonar, quando percebo que vou quebrar a cara. E acabo quebrando a cara do mesmo jeito. Não sei dizer: “euteamo”. Mascomoeuamo! Amo a ponto de doer. Mastudosãomotivospraeunãomeentregar. Como diria Fernando Sabino, citando seupai, “antes de entrar, veja poronde vai sair”. Porisso acabo saindo antes de haver entrado. Tenho ummedoterrível de machucar os outrosou a mimmesmo. E é justamenteporissoque acabo, invariavelmente, machucando.
Vivocom uma sensaçãopermanente de estar engasgado. Às vezes sinto que vou meafogar, entãocomeço a escrever. Na verdade, eupreciso é da convivênciacom as pessoas e, comoeu sou muitodesajeitadopara a convivência e para a vidaprática, escrever se tronou, pramim, a formamaissegura de encontrar o outro. Já cheguei a dizerque escrevendo, me acho umótimosujeito, mas vivendo, sou umpéssimoescritor.
Nãotenho fascínio pordinheiro, embora quisesse ter o bastantejustamenteparanãoprecisar dele. Nãoprecisarmepreocuparcomele. Não quero serrico. Quero viver confortavelmente, semprivações.
Comodista, sou atémeiopreguiçoso. Mas sou muito entusiasmável também. Quandomeentusiasmo, entro numa espécie de transequeme confere uma empolgação e umsenso de eficiênciaque, da mesmaformaqueme arrebata às alturas da vidaprática, esvai-se subitamente. Porissoraramente termino algoquecomeço. E estou sempre começando.
Música, pramim, é uma coisa maravilhosa. Chego a pensar que é impossível viver sem música. Gostoespecialmente de músicaClássica, MPB e músicasregionais, porcausa da simplicidadequejá referi acima. Gosto dos cantores e compositores mineiros. Gosto de MinasGerais. Se tivesse nascido emoutroestadoeu seria frustrado.
Gosto do cerrado, passarinho voando, gosto de pescar, da lua, de montanhas, de gente simples, de rio, de pão com ovo... e mais que tudo, gosto das pessoas que eu gosto. Chego a pensar, agora, que o que eu sou mesmo, é o que eu sinto pelos outros. Foi assim que eu aprendi a amar, a chorar e a sentir saudade. E é isso que me resta pra seguir e recomeçar sempre que for preciso.
Eu não sei como esse comentário vai sair porque Graziela, sua prima com grave crise dos 30, descobriu que pode conversar comigo pela "chamada pelo msn". "Querí-dá, me dê atenção". Mute nela, por enquanto. Mas ela disse algo que pareceu tanto com você: "Amanhã eu queria fazer tal coisa, mas nem vou pensar não, que no fim dá errado mesmo." Que sem graça né, entrar pensando em como vai sair? Não deve ser muito divertido... Mas mesmo tão desesperançoso, esse seu post realizou o irrealizável de falar de si mesmo e ser fiel. Eu gostei bastante. Em breve vou copiar e te mandar ele por depoimento, como se fosse meu. Todo mundo vai me parabenizar. ^^ E eu ri um bocado disso: "Tem o corpo da mãe e o molejo do pai. O que ela vai ser quando crescer eu ainda não sei, mas tenho certeza de que não será dançarina." Eu também tenho hahahahahaha.
E eu não sabia que você não gostava de quiabo! Por quê?
Tem tanta coisa que eu poderia dizer agora, mas sabe aquela sensação que você tem muito a dizer mas não consegue dizer nada? Você sabe o que eu penso, já tentei te definir. Se um professor de Física te definisse ele diria que você é "potencial em repouso". Um historiador diria que você é um "mártir frustrado". Um matemático te chamaria de "inequação" ou "incógnita". Eu diria que você é uma cama de gato. Um paradoxo. E tudo aquilo que eu já te disse uma vez. Se eu pudesse te dizer alguma coisa agora, como a amiga que fui, diria pra você não se acomodar. Por mais que você seja preguiçoso, ficar parado não leva ninguém a lugar nenhum.
Não importa se for poesia ,nem prosa,romance policial , BIBLIOGRAFIA, ou até mesmo auto ajuda ... Eu quero o livro , e com dedicatória!!!! Nem preciso dizer mais nada né!?
3 comentários:
Eu não sei como esse comentário vai sair porque Graziela, sua prima com grave crise dos 30, descobriu que pode conversar comigo pela "chamada pelo msn". "Querí-dá, me dê atenção". Mute nela, por enquanto.
Mas ela disse algo que pareceu tanto com você: "Amanhã eu queria fazer tal coisa, mas nem vou pensar não, que no fim dá errado mesmo." Que sem graça né, entrar pensando em como vai sair? Não deve ser muito divertido... Mas mesmo tão desesperançoso, esse seu post realizou o irrealizável de falar de si mesmo e ser fiel. Eu gostei bastante. Em breve vou copiar e te mandar ele por depoimento, como se fosse meu. Todo mundo vai me parabenizar. ^^
E eu ri um bocado disso: "Tem o corpo da mãe e o molejo do pai. O que ela vai ser quando crescer eu ainda não sei, mas tenho certeza de que não será dançarina." Eu também tenho hahahahahaha.
E eu não sabia que você não gostava de quiabo! Por quê?
Tem tanta coisa que eu poderia dizer agora, mas sabe aquela sensação que você tem muito a dizer mas não consegue dizer nada? Você sabe o que eu penso, já tentei te definir. Se um professor de Física te definisse ele diria que você é "potencial em repouso". Um historiador diria que você é um "mártir frustrado". Um matemático te chamaria de "inequação" ou "incógnita". Eu diria que você é uma cama de gato. Um paradoxo. E tudo aquilo que eu já te disse uma vez. Se eu pudesse te dizer alguma coisa agora, como a amiga que fui, diria pra você não se acomodar. Por mais que você seja preguiçoso, ficar parado não leva ninguém a lugar nenhum.
Não importa se for poesia ,nem prosa,romance policial , BIBLIOGRAFIA, ou até mesmo auto ajuda ...
Eu quero o livro , e com dedicatória!!!!
Nem preciso dizer mais nada né!?
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