sábado, 1 de outubro de 2011

Sabe, menina...

Acordei, hoje, sentindo uma necessidade irresistível de ser ridículo. Sinceramente ridículo. Humildemente ridículo. Ridículo como aquele nosso sonho antigo de ser super-herói. Ridículo como um menino sem destino na multidão, no meio da pressa do dia. Ridículo como toda pessoa assombrada da vida. Como todo aquele que não entendeu o sentido de nada mas luta, briga, ama e xinga com todas as fibras do coração. Ridículo como um palhaço melancólico no picadeiro.

Alguns dirão que ser ridículo é triste. Que é como ser rude e bobo. Mas não há nada de triste nessa vontade de dançar. Nessa vontade de pular feito um doido. De valsar sem música nem ritmo. Nessa necessidade de gritar no ouvido da velhinha que vai passando, de anunciar que a vida já começou. Não, não é triste. É até divertido ser ridículo, ser bobo. Sim, ridículo, bobo como um chapéu sem aba. Como um inútil passarinho que, teimosamente, se recusa a voar. Bobo, ridículo e teimoso como um apaixonado.

Sim, um apaixonado! Sabe, minha menina, enquanto você está pela cidade, entre automóveis, prédios, pressas e desilusões, aqui caminha um homem solitário, bobo, ridículo e apaixonado, que sente, sim, no meio da alegria, uma pontinha de tristeza. Mas uma lenta e confortável tristeza, feita de uma gostosa e sincera saudade de você.

Saudade. O sentimento que resta a este homem necessariamente ridículo, acidentalmente bobo e maravilhosamente apaixonado.

2 comentários:

Paula disse...

Eu não tive muita opção, nasci ridícula. Me esforço é em tentar ser séria, ou levada a sério, mas não faz muita diferença porque no fundo eu vou saber que sou assim... Meio ridícula, meio palhaça. Nem dói! rsrs

Ricardo disse...

Hahahaha! Mas não tem como não ser. A gente finge que não, que tem controle sobre esses trem... mas a gente nasceu é pra ser ridículo e bobo mesmo. Mas é bom... às vezes mesmo quando é ruim... sei lá... talvez não. rsrs