sábado, 13 de fevereiro de 2010

Feitiço (ou Campo Geral)


Como a tristeza nos olhos do dia
Vão os homens trabalhar
Na tirana de entender
O conseguir de suportar
A saudade derradeira
de quem ouve, feito um cego,
O chorim de um sabiá.

Passarim no meio do mato
Canta bom que é capaz
De fazer a gente chorar
Com saudade da lembrança
De gostar de ser criança...
Com saudade de sonhar.

Meninim foi pra cidade
Deixou tudo no sertão
Só levou com a bagage
Um restinho da saudade
Da cor do sanhaço no céu...
Do cheiro da chuva no chão.

Diz que saudade é distância
Maior que o tamanho do mar
Diz que saudade é tristeza
Um cheiro de sonho no ar
Diz que saudade é feitiço
De fazer homem chorar.

Um comentário:

nathi disse...

Miguilim,
Guimarães Rosa disse que "saudade é ser depois de ter". Saudade é o que eu sinto o tempo inteiro. Aredito que você também. Eu sinto saudades de um tempo não vivido, se isso por possível. Sinto saudade de ser criança quando meus pais diziam que "um dia" eu aprenderia sobre perdas, tristeza e melancolia. A gente nunca aprende. A gente vive. E descobrir vivendo é doloroso. Ainda mais quando você descobre que o que você perdeu nunca lhe será devolvido. Quando você descobre que nunca mais vai ver aquela pessoa que "virou uma estrelinha no céu".
Adorei o poema e a foto. ^^

Beijo procê.