sábado, 13 de fevereiro de 2010

Outono


O amor passou por minha casa de manhã.
Eu pude ver pelas janelas do meu peito.
E da goteira do telhado da minha alma
Até caíram duas gotas de desejo.

Me apaixonei com os olhos mansos de poesia
Que me olharam com olhar de vendaval
Espalhando as folhas secas do meu dia...
e do meu dia, a minha alma é o meu quintal.

Já vem o outono no amarelo do terreiro.
Lá vem o amor pra me lembrar que a vida é boa.
Pela canção ou pelo aboio de um vaqueiro...
Ou no cantar de um passarinho que não voa...

Eu posso ouvir, da esperança, um canto novo.
Eu vou brincar de ser feliz pela cidade.
Pela goteira da tristeza do meu povo
Andam caindo muitas gotas de saudade.

Saber brincar de ser feliz é ser feliz.
Saber viver no olhar perdido da lembrança
É como eu quero contruir o meu país.
E meu país são os seus olhos de criança.

... (interlúdio)

Já vem o inverno, ainda assim eu vou viver
Enquanto houver o cobertor da esperança
Enquanto houver essa lembrança de você
Enquanto houver, nos meus, teus olhos de criança.

Um comentário:

nathi disse...

Nietzsche disse que outono é mais estação da alma que da natureza. Eu concordo. E assim como na natureza, na alma elas também passam. Isso quer dizer que a próxima será o inverno.
Gostei muito da música, principalmente da última parte.

;*