sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Teatro


Não há nada mais dramático do que um figurante que sai de cena calado, como entrou. Geralmente fora de lugar, sua presença, no entanto, é indispensável. Compõe o palco para que os atores de verdade brilhem.
Mas na verdade, não me interessa sua permanência no palco, a composição da cena. Interessa-me a sua saída. Sai com aquela cara e jeito de quem não tem mais nada pra fazer ali, mas ainda não terminou. A saída de cena, de um figurante, tem uma cara de reticência! Uma cara de infinito... Tudo porque não se sente à vontade. Sente uma timidez por sua própria condição de codjuvante. De não ator. De pessoa normal que não sabe fantasiar sentimentos.
Tenho sido um figurante em minha própria vida. Tudo acontece, tudo acontece e eu estou por aí, nos fundos do palco. E espero apenas que alguém, um dia, se comova com a peça mas acima de tudo perceba que só vive sinceramente, aquele que não se sente à vontade.

Um comentário:

Mariana Botelho disse...

"só vive sinceramente aquele que não se sente à vontade"

que jóia isso!