quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Saudades de Amanhã

Tinha saudade. O único sentimento que sabia identificar naquele rol vertiginoso de sensações, ou de falta delas, era o da saudade. Mas saudade de quê? Do que passou ou do que ainda não veio? Saudade da vida deixada pra amanhã, talvez?
Então, solidão era isso, estar-se vivendo? Esquecido de si mesmo, sem maiores vontades e desejos. Sentimento de fracasso. De impossibilidade de mudar nada. Tarde demais. Está tudo perdido. Pouco adiantaria mudar as coisas. As coisas, assim ou de outra forma, não mudariam nada. No íntimo está mesmo tudo perdido. Sempre soube disso e não queria admitir.
- Talvez seja melhor. Estou cansado.
A pressa, a ganância por algo impossível não devia lhe incomodar mais. Está tudo perdido. O tempo da colheita já passou. O que foi plantado se perdeu.
Mas de repente olhava para fora de si e via todo o resto ainda com pressa. O mundo sempre atrasado. Com planos muito importantes e obrigações pendentes. O mundo corre. Não dá para desisitir. E ele não sabia sequer do que estava desisitindo. De seus desejos?
Seu otimismo era aquele: esperar que tudo terminasse para que não precisasse tomar parte. Para que não precisasse sujar as mãos. A vida desejada e a vida real... –a vida é muito simples! Não sabia viver simples.
As coisas mesmas tinham um ar antipático de quem não dá a mínima para as aflições por que passava. Tudo continua. E ele próprio sentia que precisava continuar. Mesmo que por causa dos outros. Se sofria, os pais, os irmãos, as pessoas que o amavam também sofriam. Outra imposição. A vida imposta. Viver é uma obrigação. Obrigação surgida da fatalidade de haver nascido. De estar vivo.
- Estou Cansado!
Dormir... esperar... amanhã...
Amanhã ainda não será outro dia.

Um comentário:

Natália disse...

Caraca... Eu queria dizer tudo isso... Sentimos as msms coisas, pensamos coisas parecidas da vida.

Tb estou cansada... e agora, só quero dormir...

Um dia será q passa esse vazio causado pela 'não colheita'?!

Hunf...