Sabe aqueles bundas moles, intelectuais enlatados, ideólogos sem causa e revolucionários sem ideologia? Aqueles que não aprenderam a gostar de si mesmos e ficam inventando modinhas pra aparecer e serem adulados como as últimas bolachinhas do pacote? É! Aqueles a quem a palavra "intelectual", causa arrepios de prazer, quando usada junto ao próprio nome. Pois é. Tem um deles, Doutor em Filosofia Política, desses que tenta descobrir um Brasil pra cada Cabral, que tenta reinventar a roda sempre que vê uma carroça, que numa entrevista para a revista "História Viva", declarou o seguinte:
HV – A violência da polícia no Brasil de hoje pode ser atribuída à impunidade dos crimes cometidos durante a ditadura?
Teles: Há uma determinada cultura da impunidade e da violência nas forças de segurança do país que herdamos da ditadura militar. A Constituição de 1988, no que se refere à segurança pública e ao papel das Forças Armadas, em quase nada altera a Constituição outorgada pelos militares em 1967. Diferentemente das principais democracias do mundo, nas quais a questão da segurança é um assunto para a sociedade civil, no Brasil o Exército controla, dita as regras disciplinares e define a estrutura e a logística das polícias militares e da polícia federal. Tal ingerência, somada à ausência de punição aos torturadores da ditadura, criou condições favoráveis à repetição da violência.
Teles: Há uma determinada cultura da impunidade e da violência nas forças de segurança do país que herdamos da ditadura militar. A Constituição de 1988, no que se refere à segurança pública e ao papel das Forças Armadas, em quase nada altera a Constituição outorgada pelos militares em 1967. Diferentemente das principais democracias do mundo, nas quais a questão da segurança é um assunto para a sociedade civil, no Brasil o Exército controla, dita as regras disciplinares e define a estrutura e a logística das polícias militares e da polícia federal. Tal ingerência, somada à ausência de punição aos torturadores da ditadura, criou condições favoráveis à repetição da violência.
Diante de tão verborrágica bobagem, só tenho a dizer o seguinte: Desce daí, meu filho! Para com isso. Você deve ser um cara muito inteligente. Estudou muito, aplicou-se bastante, é filósofo, coisa e tal. Tudo bem: você entende de filosofia. Você entende de política. Mas, cá pra nós, meu filho, você não entende nada de Polícia. Você não entende nada de bandido. Aliás, você deve ser daqueles que acha preconceituosa a palavra bandido. Mas não é preconceituosa não. A palavra não representa nada em comparação com o que representa, de fato, a existência de certos animais.
Amigo, pra começo de conversa, a violência das polícias não tem nada a ver com ditadura. A violência das polícias tem a ver com o sentimento do homem que, em prol de uma sociedade hipócrita, se dispõe a abrir o peito diante da marginalidade, contando com uma política de segurança inexitente, com leis ridículas e com o seu senso de dever, alimentado apenas pelo sentimento de pertencimento a essa sociedade vil que traz em seu seio bandidos, policiais, políticos, vagabundos, prostitutas, ladrões, padres, pastores, prefeitos, deputados, vereadores e por aí vai, ad infinitum. Em todas essas classes citadas há pessoas violentas e pessoas pacatas. Bravos e corajosos, honestos e ladrões. Com a polícia não seria diferente. Mas não é disso que eu quero falar.
Em outros países, existem polícias que não precisam, sequer, usar armas. A simples presença de um policial basta à manutenção da ordem social. Sim, são países evoluídos. Evoluídos socialmente. Evoluídos culturalmente e, acima de tudo, evoluídos politicamente.
Você me vem comparar a constituição de 1988 com a de 1967! Num faz isso! Não faz, que fica feio pra você, um homem inteligente. A Constituição de 88, que me perdoem os entusiastas da Carta Magna, que a veneram como a mais sagrada bíblia, nada mais é do que um documento sem o menor caráter. Idealizado sob a "síndrome do preso político", não oferece o menor rigor necessário à soberania de um país. E ainda há gente que se surpreenda com o mau caratismo brasileiro!
Sabe porque as polícias, no brasil, são violentas? Não, você não sabe. Você nunca viu um bandido de perto. Os bandidos, no Brasil, riem das leis. Não, não exagero não. Eles riem mesmo. O policial, que em outros países é tido como o próprio Estado, aqui no Brasil recebe cusparadas na cara. Bandidos riem do salário do policial, que é menor do que o de qualquer traficantezinho num morro carioca.
Sabe por quê em outros países bandido respeita polícia? Porque lá, se o safado agride o policial, ele está atentando contra o Estado. No Brasil o troço é diferente: o policial que perde a paciência e dá um tapa na cara do vagabundo que, depois de lhe xingar a família e ameaçar mundos e fundos, tá cometendo tortura! Tortura! Me ajuda, gente. Não sou a favor de violência contra ninguém não, mas um tapa na cara é tortura? Se for dado por um policial é. E, assim, ele atenta contra os direitos humanos do "cidadão em conflito com a lei". Lei. Que lei? Lei safada e sem vergonha.
Sabe o que é a lei penal no Brasil? Um cardápio onde o cara escolhe entre diversos itens. Tá lá o item e logo abaixo o preço a ser pago por ele. Matar alguém, por exemplo, é uma das opções. Você, fazendo todas as estripulias possíveis, cortando o cara em pedacinhos, roubando os pertences dele, mijando no que sobrar do corpo, ficará na cadeia por, no máximo, 30 anos. Barato assim.
Não existe, no Brasil, nenhuma lei que proteja o policial. O bandido sabe que não vai ficar preso ou, se ficar, não passará muito mais de um ano na cadeia, conforme a maioria dos casos. Então, como esperar que ele respeite um sistema desses? Ele ri. Eu estou cansado de ver vagabundo rindo e fazendo as contas de quanto tempo de cadeia ele pode pegar por esse crime ou aquele. E eles sabem mesmo. Então eu te pergunto: o que um cara desses tem a perder? Nada. Goza da cara do policial, faz ele perder a paciência, toma uns tapas na cara, porque ninguém tem sangue de barata, e depois fala pruns caras como Durval Ângelo, que foi torturado. Sai da cadeia e o policial entra, por ter atentado contra os direitos humanos.
Você sabe quem pode cometer crimes contra os direitos humanos? O Estado. Única e exclusivamente o Estado pode ser sujeito ativo no crime contra os direitos humanos. Bom, então, na condição de policial, um homem pode cometer crime contra os direitos humanos. Só nessa hora ele é O Estado. Se um ladrão foge da cadeia, ele pode ser processado por depredar o patrimônio público. Mas se matar um policial, durante a fuga, cometeu apenas mais um hoimicídio. Ou seja: ele atenta contra o Estado quando serra as grades mas atenta apenas contra uma pessoa, quando mata um policial.
Então, Senhor Filósofo Político, eu te respondo por quê a polícia brasileira é violenta: é porque vagabundo não entende outra linguagem. É porque vagabundo não se sente, pelas leis, impelido a colaborar com a sociedade e pagar seu débito. É porque o policial tem que se defender sozinho, dos vagabundos e do Estado. É porque nessa luta insana, suja, fétida e desumana, o policial está sozinho, cumprindo fielmente com o seu papel, que é o de jogar a sujeira pra debaixo do tapete do senhor governador.
Não é preciso reinventar a roda ou descobrir o Brasil para respondermos certas questões. Como diria Freud: "Às vezes um charuto é apenas um charuto". A polícia é violenta porque o Brasil é um país violento, à míngua de regras à míngua de leis e, acima de tudo à míngua de homens políticos que tenham a coragem e a honradez de assumir que estamos metidos na mais fedorenta merda.
2 comentários:
"Clap clap clap clap"
(Essa sou eu aplaudindo, entusiasmada, da primeira fila!).
Sem mais para hoje, passar bem.
;)
Como descrever o Brasil?
Através de um "Caso de Polícia".
É tb quase uma "aula" sobre a história do Direito Constitucional.
Gostei. Bastante.
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