quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Paixão


Tudo é uma mesma coisa e, quanto mais autêntico, mais diferente de si mesmo. A contradição é a condição da sinceridade. Nada é precisamente coerente. Nenhuma verdade se explica a si mesma. A verdade não precisa de explicação, de coerência ou verossimilhança. Só a mentira, o romance, a ficção. Por isso a paixão é sempre louca e tem uma cara de coisa fora de hora ou de lugar.
A paixão se impõe, mas como é bom estar apaixonado! A paixão é a saudade daquilo que está perto da gente. É inexplicável e incoerente, mas é o que de mais verdadeiro pode existir. Pode ser passageira ou não, correspondida ou não, suportável ou não, mas verdadeira, sempre é.
A gente nunca quer que a paixão passe. No máximo a gente deseja querer que ela passe, porque, apesar de tudo, ela é muito aconchegante e quentinha! A paixão é o ursinho de pelúcia da alma.
As paixões perdidas são como brinquedos sumidos ou sonhos abandonados. Sim, a paixão é uma espécie sonho. E não se consegue deixar de sonhar, porque não querer sonhar é a forma mais melancólica de já estar sonhando.

Um comentário:

Natália disse...
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