Brasil e nação são duas palavras que não cabem na mesma frase. Há muito tempo que eu venho pensando nisso. Não. Nação é uma palavra muito forte. E Brasil é uma palavra indolente. Não, o Brasil não é uma nação. Também não sei o que é, mas não me venham falar em nação brasileira, que isso eu não engulo mais. O país do futuro? Pode ser. Desde que o futuro permaneça... no futuro.
De uns dias pra cá, minha caixa de e-mail e o mural do meu facebook têm sido abarrotados com links do vídeo da moda. Os artistas globais lendo um cartaz ou teleprompter, sei lá, com um ar de ironia, registrando o seu apoio à última nobre causa politicamente correta: A revolta pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará.
Ao assistir esse vídeo pela primeira vez, eu percebi, imediatamente, que alguma coisa não estava certa. Como é isso? Como é que pode esse povo condenar a construção de uma usina hidrelétrica no norte do Brasil? Na maior bacia hidrográfica do mundo! O local onde mais chove no país. Como pode haver protestos contra a construção de uma usina hidrelétrica num país onde há poucos anos sofreu-se o sério risco de apagão? Onde se racionou energia durante um bom tempo, porque as hidrelétricas existentes não foram capazes de abastecer o consumo industrial, comercial e residencial, de energia!
Mas parece que só eu percebi, ou poucos outros. A maioria da galera aplaudiu de pé. Todos estão repassando o vídeo, que já vem devidamente pensado. Não é preciso fazer considerações. Os atores da globo, que são muito mais bonitos do que nós, já as fizeram. Ora, é evidente que eles têm mais capacidade pra isso do que nós. Olha como eles falam! Não importa que estejam lendo, eles conseguem nos emocionar, então, não é necessário pensar! Então, repassemos o vídeo. Repassemos para o maior número de pessoas possível, porque essa é uma causa politicamente correta, assim como é politicamente correto subverter os valores morais da família brasileira através de campanhas em prol do aborto e do homossexualismo. Como é politicamente correto louvar grupos criminosos e terroristas como os mais nobres porta vozes do desenvolvimento social. Como é politicamente correto ser apenas mais um animal irracional, mas devidamente "politizado", no meio desse grande rebanho social.
Tudo bem, eu vou confessar. Eu não gostei do vídeo porque eu sou do contra. Fiquei com raiva porque me senti ofendido quando Marcos Palmeira, disse, irônico, que os problemas da não construção da usina de Belo Monte seriam a imposibilidade de eu "assistir televisão pra ver minha novela". Eu confesso. Foi por isso que eu não gostei.
Presta atenção, amigo! A mensagem do vídeo é mais do que clara. Sabe o que Marcos Palmeira, Cissa Guimarães e a outra lá que eu nem sei o nome estão dizendo? Eles estão dizendo o seguinte: "Ô, brasileiro, burro, alienado, fútil e egoísta, enquanto você tá aí preocupado em assistir sua novela, ligar seu computador ou seu ar condicionado, nós estamos aqui pra pensar por você e pra salvar o seu mundo. Nós sabemos que você não sabe pensar, porque sua vida simples se resume a tv, celular e computador, mas não se preocupe. Nós vamos te salvar, porque nós somos inteligentes, politizados e estamos conectados com o futuro." No entanto, os burros são eles. Estão sendo usados por interesses que não compreendem.
Meu amigo, eu tenho capacidade pra saber que uma usina hidrelétrica em Belo Monte, não seria construída pra resolver o problema do meu BlackBerry nem do iPad da vizinha. Nós não somos tão idiotas assim, Cissa Guimarães. Não. Nós precisamos de uma usina em Belo Monte porque o Brasil é um país industrializado. Porque a energia move o mundo. Porque existe uma enorme jazida de bauxita naquela região e a extração de alumínio demanda uma absurda quantidade de energia elétrica. Porque não é possível a um país crescer, sem uma produção de base, como a energética.
Sabe, amigo políticamente correto, quem é contra a construção da usina hidrelétrica? Você já procurou saber? Conforme relatório nº 0251/82260/ABIN/GSIPR, de 9 de maio de 2011, da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), são as seguintes ONGs estrangeiras: Amazon Watch, International Rivers, Avaaz Foundation, Greenpeace, World Wide Fund for Nature (WWF), Rainforest Foundation US e Interamerican Association for Environmental Defense (Aida). Como parceiras de ONGs brasileiras, as organizações The Nature Conservaney (TNC), Friends of the Eart, Conservation International (CI) e Clinton Global Initiative (CGI). Quais são os interesses deles? Não sei.
Ah, tem mais. A OEA (Organização dos Estados Americanos) solicitou que o Brasil suspenda, imediatamente, o processo de licenciamento e construção do complexo hidrelétrico. Eles cobram uma consulta aos índios! E mais ainda: "O Itamaraty recebeu prazo de quinze dias para informar à OEA sobre o cumprimento da 'determinação'"! Determinação? Prazo? Mas quem a OEA pensa que é? Ela, por acaso, determinou que os Estados Unidos assinassem o protocolo de Kyoto? Ora, quais são os interesses da OEA? O que ela quer com os nossos índios? Pois que a OEA tire o dedo dos assuntos brasileiros e enfie no nariz ou onde preferir.
E sendo assim, meu amigo, vamos aproveitar o dia de hoje pra falar que o Brasil é um país de merda. Vamos falar que o Brasil é um país de covardes, que o Brasil é um país de burros e ignorantes, que não tem vergonha na cara e nem interesse pelo pensamento e pela opinião própria. Vamos. Falemos hoje, porque amanhã não poderemos mais, sequer, dizer que o Brasil é um país, já que essa porcaria desse lugar permite que organizações internacionais invadam sua soberania e dêem pitacos em sua política interna ou externa.
Num determinado trecho do vídeo, os caras falam da produção da hidrelétrica. Que ela será a terceira maior hidrelétrica do planeta, mas não produzirá energia conforme seu potencial total. Ora, nenhuma hidrelétrica produz seu pleno potencial. Todas produzem uma porcentagem do possível, para minoração dos impactos ambientais, mas mantêm potencial, para quando for necessária uma produção maior. Ah, e a mulher lá diz que durante boa parte do ano aquela região praticamente seca! Será possível um trem desses? Na região de Altamira, no Pará? Minha mãe já esteve lá. E ela disse que as casa são todas construídas nos altos, tamanho é o índice pluviométrico da região. Ah, pra cima de mim? Inventa outra.
Mais uma: No tal vídeo está sendo alardeado que a construção vai custar trinta bilhões de reais! Trinta bilhões! Será que esse povo tem noção de valores? Nós estamos falando da construção de uma usina hidrelétrica. Geradora de energia. De crescimento. A terceira maior do mundo. E dizem que vão usar o meu dinheiro e o deles. Bom, só se for o deles, porque eu não tenho nada nem perto de trinta bilhões de reais. Gente, nós já somos grandinhos. O dinheiro que eu pago em impostos não é meu. É do país. Eu voto em representantes e pronto. O país não é meu. O Estado é uma abstração à qual eu dou poderes de gerir a sociedade. Só. O que tá lá não é meu nem seu. O dinheiro que eu pago em impostos deve ser aplicado mesmo. Pior é se tivesse indo pra cueca de mais algum deputado, assessor ou ministro.
E não se engane, a produção de energia solar ou eólica é muito menos eficaz e incomparavelmente mais cara. Imaginem a criação de uma usina eólica: onde ela seria instalada? Onde seria feito o desmate para instalação das hélices e turbinas? Você sabe que é necessária uma vastíssima região para instalação de inúmeras hélices para que ela produza alguma coisa? Trinta bilhões de reais está perto do que se deixa de arrecadar por ano em impostos em algumas áreas, por causa da sonegação. Disso ninguém fala, né.
E não se engane, a produção de energia solar ou eólica é muito menos eficaz e incomparavelmente mais cara. Imaginem a criação de uma usina eólica: onde ela seria instalada? Onde seria feito o desmate para instalação das hélices e turbinas? Você sabe que é necessária uma vastíssima região para instalação de inúmeras hélices para que ela produza alguma coisa? Trinta bilhões de reais está perto do que se deixa de arrecadar por ano em impostos em algumas áreas, por causa da sonegação. Disso ninguém fala, né.
Ah, e sabe quanto estima-se que será gasto para a realização da copa de 2014 no Brasil? Em torno de 33 bilhões de reais. Isso mesmo. Dinheiro que não tem volta. Dinheiro gasto. Não aplicado. Gasto. Ah, não, mas isso pode. Num país onde o povo acha justo que um jogador de futebol ganhe milhões em salários e um professor não chegue à cifra dos mil reais. Isso mesmo. Um amigo uma vez me disse que acha justo que um jogador de futebol ganhe isso tudo. E eu sei que muitos outros concordam. Jogador presta um servição pra sociedade. Usina hidrelétrica não.
Cissa Guimarães, indignada vem perguntar, no filminho idiota, se nós vamos deixar eles gastarem o "meu" dinheiro assim. Se ninguém vai discutir o assunto. Mas, ô, minha filha, sua burrinha, isso já vem sendo discutido há mais de vinte anos! Sabia disso não? Ora, mas você não disse ainda agora que pesquisou sobre o assunto? Pesquisou foi nada, né.
Meus amigos, nós somos inteligentes e não precisamos da globo pra pensar por nós e nem das organizações internacionais a nos ensinar que nós somos alienígenas no lugar errado. Que somos invasores e só atrapalhamos o planeta, como se não fizéssemos parte da natureza. Pois fazemos. Nós somos a natureza e, mais que isso, temos a capacidade e a inteligencia de a transformarmos.
Há alguns anos eu vi uma manchete numa revista, onde se lia: "Ainda falta muito para que o homem seja considerado bicho". E é isso mesmo. Um tabaréu miserável não merece a mesma atenção que um tatu. Um favelado não desperta a mesma ternura que um cachorrinho abandonado. E isso nunca será diferente. Senhores, meus amigos, deixemos de ser idiotas. Não tenhamos vergonha de sermos humanos. Vamos transformar o mundo. Não é preciso destruí-lo, mas não tenhamos medo de viver e explorar a vida, fazendo uso pleno da nossa capacidade de inteligência.
E mais que tudo, tenhamos a nossa própria opinião.
4 comentários:
E depois ainda falam de soberania deixam os outros meterem o bedelho...(essa bosta num quis aparecer meu nome não, por isso apaguei!)
Ricardo, depois de ler seu texto (e que texto hein?!), tive vontade de ir lá na Globo e agradecer a eles pela produção do vídeo.
Eu, como a maior parte dos brasileiros, não fazia a mínima ideia do que realmente era Belo Monte (a única coisa que eu tinha ouvido falar era "hidroelétrica-trabalhadores-greve"), sinceramente e infelizmente (como apenas mais uma da "massa" brasileira) não me interessava nem um pouco por saber de Belo Monte, nem sabia que há décadas já havia uma discussão sobre o assunto. Enfim, qnd vi o vídeo da Globo, de cara achei super artístico e não quis pensar, fiz como um monte de gnt: apoiei o movimento "gota d'agua"... hehehe
Eu só não me envergonho de falar isso, pq graças a isso tive acesso a muita coisa relacionada ao assunto. Assisti um vídeo do Rafinha Bastos (excelente) e de alunos universitários, rebatendo os globais... Então decidi saber mais sobre o assunto, li umas reportagens e tals. Seu texto fechou com chave de ouro as minhas "lidas Belo Montezas"... (eu sei ser ridícula... hehehe)
Dp de ver todo o material e pensar sobre o assunto, já tenho um ponto de vista, uma opinião, já até penso em algumas teorias da conspiração. :D
Mas por fim, que bom que a Globo fez esse vídeo, pq apesar de manipular milhões e milhões de brasileiros, serviu tb para que uma boa parte (incluindo eu), criasse interesse e entendesse melhor sobre Belo Monte, e principalmente serviu para revelar discursos importantes e inteligentes como o seu.
Seu texto ficou sem comentários. (pq eu tô comentando mesmo?! o.O) hehehe
Parabéns... Devia ser publicado.
Ps.:Acho que tá passando da hora de vc começar mais um "jornalzinho" não?! (podemos investir nos alunos da UFVJM, que tal?!) hehehe
*apaguei o outro texto por causa de alguns errinhos... *fiu**
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